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No Mundaréu de Froiid, onde só cabem possibilidades

No centro do fato está Froiid, um homem negro, com barba e bigode, e tshirt colorida.
Froiid | DR

No dicionário brasileiro de português, mundaréu significa uma grande quantidade de coisas, pessoas, animais. É seguindo esse conceito que o artista multidisciplinar Froiid desenvolveu a exposição que foi intitulada de Mundaréu para transcender o ordinário e convidar o espectador a explorar narrativas entrelaçadas com elementos da cultura brasileira. A mostra pode ser visitada até o dia 27 de abril na Galeria Albuquerque, em Belo Horizonte (BH), Minas Gerais, mas o autor diz que futuramente ela pode se estabelecer em outros espaços no Brasil e fora do país, porque é uma exposição universal. “Tudo depende de uma variedade de fatores”, diz ele à BANTUMEN.

Mestre em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Minas Gerais, Froiid tem seu trabalho e interesses voltados ao jogo e à malandragem. O seu início oficial na arte foi em 2010, quando fez intervenções urbanas no centro de BH. Desde então possui uma lista notável de premiações, incluindo o Prêmio SESC Arte, na 22ª Bienal Sesc_Videobrasil (2023), e o Prêmio Décio Noviello de Artes Visuais 2020, e marca presença no Inhotim, considerado o maior museu de arte contemporânea a céu aberto no mundo.

A partir de 2014, o artista começou a construir uma produção diversificada, abrangendo jogos, instalações, objetos, vídeos, fotografias e trabalhos sonoros. Sua abordagem desafia dualismos, explorando as interseções entre norma e liberdade, instituição e criação, indivíduo e sociedade. Suas influências passam por várias esferas, da literatura ao samba, indo para o rap, vanguardas históricas e artísticas do século XX. “Sempre misturo essas referências em um caldeirão”, observa. “Tento buscá-las a partir de um processo contínuo de investigação do indivíduo e da sociedade”.

Mundaréu, especificamente, contempla uma grande parte das pesquisas feitas por Froiid nos últimos 10 anos, que estão relacionadas ao jogo e à cultura de massa brasileira. “A exposição é baseada no livro ‘Histórias das Quebradas do Mundaréu”, do dramaturgo Plínio Marcos”, revela. “Nele, o autor senta-se para contar histórias dos que não têm suas histórias contadas. Acredito que o Mundaréu é uma polifonia harmônica onde um diálogo contínuo se expressa a partir de outras subjetividades”. 

Por isso, quem visita a exibição se depara com instalações sonoras, gritos de torcidas organizadas, uma mesa de sinuca (bilhar de 13 metros), rap, samba e influências que vão de Man Ray a Heitor dos Prazeres. Tudo isso sem nenhuma hierarquia. Ao ser perguntado sobre quais mensagens pretende compartilhar com as peças expostas, Froiid diz que a pergunta é complexa. “Cada pessoa pode absorver uma exposição a partir de seu contato e seu repertório individual. Não busco passar mensagens, mas construir possibilidades”. Para ele, cada trabalho tem uma história e muitos foram referenciados em experiências individuais e coletivas. “Alguns a partir de trabalhos de outros artistas mesclados a referências diversas, de expressões populares, frases, músicas, obras literárias”.

 Froiid também não acredita que uma exposição individual é realmente individual, porque nada se faz completamente sozinho. “Foram necessárias a presença de costureiras, marceneiros, músicos, engenheiros de som e várias pessoas para fazerem isso possível”, afirma. Por ser diverso, ele acredita que cada trabalho produzido serve como guia para o próximo, sem limitações. “Penso neles como um emaranhado de possibilidades nas discussões que venho tecendo”. 

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