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“As pessoas brancas não perdoam a ascensão social de uma pessoa negra”, Conceição Queiroz

Conceição Queiroz
📷: © BANTUMEN / Iris Maximiliano

O racismo enquanto perturbação é o tema do novo livro da jornalista Conceição Queiroz. Apresentado em novembro, Racismo – Meio Século de Força reúne testemunhos reais, para denunciar as consequências diárias de uma prática enraizada na sociedade portuguesa. “É um livro cru, é duro. Não vão encontrar aqui o politicamente correto”, afirma a autora.

Neste que é o quinto livro – o primeiro sobre racismo – da mais galardoada jornalista da TVI e CNN Portugal, Conceição Queiroz evitou o registo “mais académico”, para criar uma obra “que qualquer pessoa pudesse ler, do princípio ao fim, e que não ficasse a meio ou desistisse” após algumas páginas. “Enquanto jornalista, esse é o meu papel, é descodificar de alguma maneira. É trazer o debate para cima da mesa e deixar luzes”, diz. “Quero muito que as pessoas possam fazer algo que normalmente não se faz, que é pensar, refletir, e que possam pegar em alguns pontos do livro e ir à procura de mais informação.”

À BANTUMEN, a jornalista contou também as várias tentativas que fez para ver este trabalho publicado – processo, em si, assintomático da forma como o país trata o problema do racismo. O convite surgiu, inicialmente, da parte de uma grande editora, na sequência de uma série de reportagens que assinou na CNN Portugal. Ainda hesitou em aceitar – por haver “tanta coisa no mercado que ninguém lê” –, mas a maior surpresa veio depois, quando recebeu um telefonema a informar que aquela chancela já não tinha interesse no trabalho. “Esta é a primeira rejeição.” 

Com apenas alguns parágrafos escritos, Conceição Queiroz decidiu avançar e procurou uma outra editora. “Isto é muito forte, parece um manifesto”, responderam-lhe por email. O sim surgiu há quarta tentativa, com o livro já praticamente terminado. “Isto para dizer que, em relação aos quatro livros anteriores que escrevi, não me deparei com qualquer problema. Aliás, tinha várias editoras atrás de mim. Eram as editoras que me procuravam. Porque as temáticas eram diferentes.”

Há ainda uma porta fechada a este tema?

Há, definitivamente. Tem a ver com o racismo intelectual. Um desportista – com todo o respeito que tenho pelos desportistas – que vai contar a sua história, uma biografia incrível da quantidade de medalhas que conquistou, e que elevou o nome de Portugal… isso é perfeito. A estas pessoas, as pessoas brancas dão palco, dão espaço. Agora, quando tocas na ferida e quando se é alguém que, do ponto de vista intelectual, vai além do que é esperado – porque esperam certas coisas de nós –, aí deparas-te com uma resistência absurda. Há uma resistência absurda quando as pessoas brancas se sentem ameaçadas pelas pessoas negras. Isto é preocupante. 

Dos testemunhos que recolhi, todas as pessoas se queixam do local de trabalho. Isto está estudado. É no local do trabalho que as pessoas mais sentem esse tipo de racismo. Muitas vezes tens uma produção intelectual interessante, mas és posto de parte, e vão promover a mediocridade. Tens colegas medíocres que são colocados numa situação de privilégio, e és descartada. É como se olhassem para ti e pensassem: esta mulher negra, se lhe dermos asas para voar, ela vai realmente voar, ela vai brilhar, vai impressionar. Este é um problema. 

Falando no geral, imagina uma empresa onde existem duas pessoas negras. As senhoras da limpeza são muito acarinhadas pelos funcionários dessa multinacional – aquele paternalismo. Mas quando vão olhar para a outra pessoa, que é colega, que desempenha as mesmas funções, transformam-se por completo. Ou seja, quando olham para as senhoras da limpeza, é como se elas não representassem qualquer ameaça. Quando olham para alguém que está ali bem próximo do posto que ocupam, fazendo o mesmo trabalho, com melhores resultados inclusivamente, muitas vezes, passas a ser um alvo a abater.

Neste trabalho, falas também de resistência. Ao longo deste meio século, essa resistência tem-se intensificado? 

Sem dúvida. Aliás, as conquistas que temos acho que passam muito por aí, por esta resistência, pelas manifestações que fazemos, pelos vários movimentos que existem. Há cada vez mais uma tomada de consciência e isso é muito bom. Isso agrada-me profundamente. Conheço pessoas que há uns anos não questionavam, não se posicionavam e hoje são capazes de o fazer, muito embora defenda que nem todas as pessoas negras têm de estar na luta antirracista. Não têm de estar, obviamente que não. Não posso exigir isso de todos os negros. O que peço é que não façam tábua rasa do nosso trabalho. Estamos a lutar contra algo que é invisível. Não somos loucos, não decidimos acordar hoje e lutar contra qualquer coisa que não existe. Lutamos para podermos deixar de lutar. São os chamados “pretos de casa”, como dizia Malcolm X. Eu sou fã dele. Ele foi muito mal compreendido. No livro, inclusivamente, vejo-o como um amigo íntimo e revolta-me profundamente o facto de ter sido a verdade dele que o traiu, num tempo muito particular, em que ele fez a diferença e verbalizou aquilo que mais ninguém conseguiu fazer, da forma como ele fez.

Na sinopse do livro está escrito: “o racismo e as suas formas insidiosas enfrentam a resistência da subalternidade e revelam quão belo e esgotante é o combate”. Para ti, quão belo e esgotante é o combate ao racismo em Portugal?

Falar da beleza do combate, sei que é estranho. Quando digo belo é no sentido do prazer que nos dá – a quem está verdadeiramente na luta – sermos capazes de fazer frente ao agressor. Sermos capazes de denunciar o agressor, de expô-lo. Isto é muito forte, é profundo.

Por outro lado, é esgotante. Não podes ser atacada diariamente e fazer de conta que nada está a acontecer. Isso esgota, desgasta, agasta. É terrível. Também tens momentos de fraqueza. Agora nem tanto, mas tive momentos de fraqueza em que pensei “vale a pena continuar”? Sou atacada todos os dias. Calo-me e deixo passar…

E como se lida com isso? No cenário mediático, és, provavelmente, das pessoas negras mais atacadas em Portugal. 

Da parte da justiça, em Portugal, quando falamos das questões raciais, não espero rigorosamente nada. Todas as queixas que apresentei foram arquivadas. Todas.

Incluindo ameaças de morte…

Alguns apagavam [as ameaças], depois era difícil provar. Mas quando te dizem que vão te cortar o pescoço e coisas do género, isto é gravíssimo. Como é que se consegue duvidar que é um déficit de proteção, que devia justificar a criminalização da prática [do racismo]? Porque o racismo de forma autónoma em Portugal não é crime. Muitas pessoas estão muito à vontade. É muito fácil hoje em dia prometer bater, é muito fácil prometer matar. Então o que fazemos? Vamos esperar que isto aconteça? Que estas ameaças se concretizem? Ou vamo-nos antecipar e fazer qualquer coisa? 

Respondendo mais concretamente, lidar com isto não é fácil. Já atingi uma fase da vida em que consigo dizer a algumas destas pessoas: “Carrega as tuas dores, procura outra vítima, se assim entenderes. Boa sorte, mas desaparece, até porque não foste convidado”. Muitas vezes escrevo isto no Instagram. Outras vezes, ignoro, simplesmente. E ficam loucos da vida. Dói-lhes muito mais quando os ignoro, porque o que estas pessoas pretendem é destabilizar do ponto de vista psicológico.

Quando dizem que a televisão é branca e que a Conceição Queiroz tem que sair, o que é isto? Vamos dizer que é a mania da perseguição? Ou é “mimimi”? É muito importante levarmos as ameaças a sério. É muito importante pararmos com o discurso de que com amor se resolve isto. Gostava de ver alguém com ameaças de morte aos filhos a dizer que é com muito amor e muito carinho que resolvemos os problemas – estes problemas de que estamos aqui a falar. 

Por exemplo, a questão do bullying. Temos os pais das crianças que sofrem bullying em Portugal numa luta que admiro, uma luta admirável, devo dizer, para que a prática seja criminalizada. Porque o bullying acho que também ainda não é crime em Portugal. Mas há uma mobilização admirável por parte dos pais destas crianças que sofrem horrores, na escola, sobretudo, para que esta prática seja criminalizada. Por que é que também não nos unimos de forma a que o racismo seja criminalizado? Não estou a dizer que isto vá mudar. Não estou a dizer que o racismo vá acabar, com o facto de se criminalizar a prática. Mas tem um efeito dissuasor. Pelo menos sabes que poderá ser verdadeiramente penalizado, se continuares a cometer aquele tipo de crime. Porque é um crime. Ninguém tem esse direito. 

O Brasil está muito mais avançado. O Brasil tem a lei mais pesada do mundo [contra crimes raciais]. Podemos perguntar até que ponto é realmente aplicada ou não. Isso é outra história. Mas existe uma lei muito pesada. [Em Portugal] temos uma lacuna profunda em relação a este ponto. 

Para além de todos os insultos que recebes diariamente, sofreste aquele ataque mais mediático, quando estavas em direto no Chiado. Sentiste que a classe jornalística te apoiou? Ou também aqui encontraste um silêncio?

A resposta é não. Não tive qualquer apoio por parte dos jornalistas em Portugal. Nenhum. Quem se manifestou contra o que me aconteceu foram artistas, foram escritores. Tive uma reação da Comissão de Proteção de Jornalistas, não sei se da Comissão Europeia, se da União Europeia, tive a solidariedade dos jornalistas do Brasil, até do Miguel Faladell, a Zélia Duncam, também o Leandro Carnal, que é um grande historiador brasileiro.

Mas a resposta à pergunta é não, e fiquei muito triste quando, num grupo de jornalistas, alguém se atreveu a dizer “estamos aqui para apoiar todos os jornalistas”. Escrevi-lhe, simplesmente, a dizer não é verdade. Como jornalista tenho um compromisso com a verdade, não aceito que me mintam descaradamente. Não houve uma nota de repúdio, não houve um conselho de redação, não houve uma comissão de trabalhadores, não houve nada em relação a mim. Mas se reparares, [em relação a] outros jornalistas que se dizem agredidos, olha como aparecem, de imediato, as notas de repúdio. Porque os jornalistas não podem ser atacados, etc. Então esta regra é válida só para alguns? Quando se trata da Conceição Queiroz, uma mulher negra, jornalista, esta já pode ser [atacada]. Olho para estas pessoa – digo isto no livro – como psicopatas. Porque o psicopata, quando mata, acha que a sua vítima merece aquilo. É como se olhassem para a ti e aplaudissem, “bem feita”. Não consigo dizer isto de outra maneira. Não estou a falar do meu local de trabalho, estou a falar no geral, da classe jornalística.

Naquela conversa, houve alguém que se atreveu a perguntar: ”Pediste ajuda ao sindicato? És sindicalizada?” Então estamos a brincar. És atropelada e tu é que vais pedir ajuda? Ou alguém, de imediato, vai pedir uma ambulância e vai ajudar-te? Existe essa obrigação, nem que seja do ponto de vista moral. E a prova disso é que esses jornalistas, a classe jornalística em Portugal, apoia, de facto, outros jornalistas que se dizem agredidos.

Lembro-me, por exemplo, do caso do jornalista de imagem que foi agredido após um jogo do Futebol Clube do Porto. A situação mereceu várias notícias e notas de repúdio. 

Pelo menos durante uma semana não se falou noutra coisa. Tenho memória disso. Aconteceu pouco depois do que me tinha acontecido. Comigo foi em maio, que foi o mês do meu aniversário. Sou violentada em direto, em pleno exercício das minhas funções, e há um silêncio assustador por parte da classe jornalística. 

Pergunto se, alguma vez neste país, algum jornal dos ditos de referência fizeram menção ao que me acontece. Não tenho memória. Tirando os cronistas, obviamente. Pessoas brancas, atenção. [Porque as] pessoas negras, nunca escreveram uma linha em relação às minhas dores. Nunca. Também não espero isso delas, não peço isso, estou simplesmente a partilhar. Se perguntas se tenho esse tipo de solidariedade, não tenho.

Muito se têm falado da necessidade de haver mais diversidade nas redações. Estás há 29 anos no jornalismo. Vês as coisas a mudar? 

Quando falam da questão do pluralismo, acho que aquilo que vemos não é suficiente. Existe uma convivência maior, é verdade, mas, se pensares que pluralismo também acaba por representar um reconhecimento concreto e a aceitação dessa diferença, percebes que há um atraso bastante evidente em Portugal. Não acredito nessa convivência pacífica, nessa maior diversidade neste momento atual, no ponto em que estamos, enquanto não for combatida a questão da invisibilidade. 

Enquanto as pessoas brancas continuarem a invisibilizar as pessoas negras, será uma farsa dizermos que temos negros numa empresa e que significa que não somos racistas. São armadilhas, muitas vezes. Há contratações que são verdadeiras armadilhas. Não só em Portugal, mas de um modo geral. A contratação de uma pessoa negra pode representar uma armadilha. E muitas vezes são pessoas fracas, que estas multinacionais, essas grandes ou pequenas empresas, contratam. São pessoas fracas nos dois sentidos: são fracas porque ainda não estão treinadas e são fracas do ponto de vista de não se posicionaram. Portanto, eles sabem que podem fazer deles o que quiserem. Aquilo a que chamo de espírito servil. Estas pessoas vão baixar a cabeça. Se, na entidade patronal, alguém disser “isto é azul”, mesmo que essa pessoa negra saiba que é verde, vai dizer “sim, é azul”, vai concordar, vai-se sentir obrigada, digamos assim, a concordar. Isto é dramático. Ainda estamos nesse ponto. As pessoas ainda têm muito medo. Por isso é que temos de ter muito cuidado na avaliação, e tenho a consciência de que não posso esperar dos outros a mesma atitude que eu tenho. Não tenho esse direito, obviamente, mas tenho essa consciência que existem muitas pessoas negras com o espírito servil, que incomodam. 

Malcolm X falava, nos anos 60 destas questões, e vemos que isto não acabou, o chamado “preto de casa”. Quando diz preto é de forma ofensiva. Fazem muita confusão e irritam-me profundamente. São pessoas que te vão trair, provavelmente. Duas pessoas negras na mesma empresa, não estando em sintonia – e não têm de estar – mas haverá uma delas que vai trair, para que ele tenha uma projeção maior, para que ele esteja mais próximo da chefia, para que ele possa ser promovido. E para que te possa afastar. Porque ele não consegue manter essa convivência. 

Portanto, as minhas críticas vão para os dois lados, quer para as pessoas negras, quer para as pessoas brancas. Não consigo olhar para essa história do politicamente correto. Temos um trabalho gigantesco pela frente. Temos um trabalho sério que tem de ser desenvolvido. E quero continuar a ter esperança. Quero continuar a acreditar, acima de tudo.

Numa iniciativa do Lado Negro da Força, no ano passado, na Casa do Capitão, partilhavas que estavas ligada à causa negra há muitos anos, mas que era preciso arrumar a casa. É disso que te referes? 

Sim, é nesse sentido de nos unirmos mais. É ser capaz de aplaudir outra pessoa negra, como eu, que conseguiu projetar-se, conseguiu alcançar aquilo que pretendia. Está na altura de sermos capazes de o fazer. E não de roubar aquela pessoa porque ela está lá. “Porquê é que lá está ele e não estou eu?”, por exemplo. Arrumar a casa é muito nesse sentido. É tentar ver aqui uma aproximação. Mas sei que é difícil. Talvez seja uma utopia. Talvez esteja ainda a viver nessa utopia de certa forma. Porque tenho um pé de um lado e outro do outro. Tento ter essa esperança, mas, ao mesmo tempo, não sei. Mas acho que quem está tão empenhado nisto passa por estas dúvidas, muitas vezes. E pagas um preço elevado, quando te posicionas. 

Pensa na Marielle Franco. Fez cinco anos que ela foi assassinada. O que é que a traiu? Foram as suas palavras. Daí ter uma admiração profunda pela Marielle Franco. Não tinha medo das palavras, e foram as palavras que a traíram. Tenho uma parte do livro que dedico exatamente a esta questão da Marielle. É algo que me toca profundamente, mas algo que me perturba bastante. O assassinato da Marielle derrotou-me, por completo. Foi muito duro.

Consigo compreender, olhando para estes casos concretos, que muitas pessoas negras, homens e mulheres, prefiram distanciar-se e que pensem “se for por este caminho, com estas pessoas negras, o que é que poderei tirar daqui?” Muitas vezes, a resposta é: “Não, eu não vou conseguir singrar, não vou conseguir avançar como gostaria. Mas se me aproximar das pessoas brancas, moldar-me, subjugar-me, com aquele espírito servil, fazer tudo o que me for solicitado, por muito que não concorde, aí sim poderei ter a chamada ascensão social.”

No teu caso, obviamente, não é isso que queres.

Não, de maneira alguma. Até porque as pessoas brancas não perdoam a ascensão social de uma pessoa negra. Não perdoam. É a tal história de atingires o mesmo posto. Do ponto de vista laboral, se estás no mesmo patamar, se sentas na mesma cadeira, se fazes o mesmo trabalho, como dizia há pouco, com melhores resultados, és um alvo a abater. E é bom que se tenha essa consciência. Um caniche por muito que ande ao lado do rottweiler, durante a vida inteira, ele será sempre um caniche. Isto é para os “pretos de casa”. Que não se esqueçam desse detalhe. As pessoas brancas riem-se, fazem pouco destas pessoas negras, que estão ali subjugadas. É estranho que as pessoas negras não percebam isso. Portanto, elas não são aplaudidas da forma como acham. Da forma como parece, pelo menos. Estas pessoas brancas fazem pouco das pessoas negras, porque percebem logo pela personalidade que permitem, no fundo, estes maus-tratos. Porque acaba por ser um maltrato. É maltratar. Mas o racismo tem essas formas insidiosas. O racismo é esperto. Hoje em dia, continuas a sofrer, não com chicote como antigamente, mas de uma forma muito subtil. Outras vezes de forma absolutamente descarada. Mas tens estas duas nuances. O racismo é tão esperto, com as suas formas insidiosas, que lhe permitem movimento. 

O medo é um sentimento que faz parte do teu leque de emoções?

Sim, claro. Sou repórter de guerra. Tenho medo quando vou para as guerras. Não penso é no medo naquele momento. Quando estou em atividade, esqueço a história do medo. Mas há uma responsabilidade, ou seja, tenho noção do que estou a fazer e das consequências que podem vir daí. Então a resposta é sim. Claro que sim. O medo existe porque está lá. É a palavra, no meu caso, que me pode trair. Tenho ameaças de morte. Tenho pessoas que passam por mim na rua, no trânsito, muitas vezes, e insultam-me. Um dia houve alguém que me disse “dou-te um tiro se te apanhar”. Houve alguém que me disse “que pena que não tenho uma arma neste momento”. Oiço estas coisas. 

Mas deixa-me dizer isto também, que é importante. Da mesma maneira que sinto que posso ter cem, cento e cinquenta pessoas, contra mim, que querem o meu fim, que me querem fora de jogo, depois vejo que tenho cinquenta milhões que estão comigo, e é isso que me dá força. Esta proporcionalidade acho que é interessante. Antigamente lembro-me de me entristecer, quando as coisas aconteciam, obviamente que continuo a entristecer-me, mas de forma diferente. Hoje tenho consciência que existem cem, cento e cinquenta contra mim. Eles sim estão em minoria, porque depois tenho cinquenta milhões que sei que estão comigo. Isto tem de ser estudado também.

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