Em maio, Wine presenteou-nos com Renascido das Cinzas, um EP que marcou um novo ritmo na carreira que o rapper de Queluz quer trilhar. Desta feita, há novo trabalho, com um cunho mais maduro e mais ponderado. Foi à volta deste seu novo perfil que decorreu a nossa conversa registada em vídeo.
No último EP ouvimos um Wine mais lírico mas sempre com as mesmas punchlines certeiras e agressivas. Agora, associado à produtora London Boys Entertainment, o rapper tem o apoio e a confiança que precisava para alavancar de vez a sua carreira. “Com a London Boys Entertainment há um Wine antigo e um Wine novo”.
E isso é facilmente perceptível ao desfilar a lista de comentários nos seus videoclipes no YouTube. “Vês que 90% dos comentários são a dizer que o Wine não era assim. Já digo as coisas de maneira diferente, apresento-me de maneira diferente, mas no fundo continuo a ser o mesmo Wine. Não se enganem”, explica-nos.
O trabalho que tem feito com a London Boys permite-lhe ter uma visão exterior e real das suas produções. “Não lançando o beef aos meus amigos, mas normalmente as pessoas à minha volta dizem sempre que tudo está bom. E não pode ser assim, é bom as pessoas sentarem contigo e dizerem isto não está bom.”
Apesar de já pensar de forma diferente quando se juntou à label, essa união só melhorou a sua arte. “Não é à toa que me chamo Wine, o vinho melhora com o tempo. Cresci como pessoa e como artista.”
Por enquanto, a produtora foca-se exclusivamente no rapper, procurando encaminhar o jovem artista dentro da indústria musical. E o mais importante nesse processo é a sua liberdade criativa.
“Devo ter umas 300 demos. Entrego-lhes tudo, eles vão ouvindo e depois vão-me falando e vamos planeando. Eu chego no estúdio e não tenho de pensar que tenho de fazer isto ou aquilo. E depois, é uma label mas funcionamos como uma família. Eles conhecem a minha mãe, ajudam-me com os problemas da minha vida. Não largo a London Boys. Está tudo a correr bem e está tudo a fluir. E imagina por exemplo que o contrato acaba, assino pela Sony, eles vão estar sempre por trás. Nós nunca podemos nos esquecer de quem nos ajudou quando estávamos em baixo”, sublinhou.
Sobre a nova música, “É u Ké”, tem um beat de drill, tenho algumas punchelines que vou mandar e vão pensar que são beefs mas nada disso. É um som agitado, curtido, hype.”
Quanto ao tratamento visual, “tentei transmitir o hype que o som transmite, por isso filmámos em duas partes. Num ambiente, num cubico e a outra parte filmei na zona porque temos que representar a zona”.
E se o foco, atualmente é o mercado português, Wine avisa: sou português, angolano (por parte da mãe) e cabo-verdiano (por parte do pai). Temos de ir degrau a degra. O processo é primeiro expandir aqui [Portugal] mas vamos lá chegar [Angola e Cabo-Verde].