Uma das principais missões da BANTUMEN é dar-te a conhecer a nata dos novos talentos ou de talentos que já por aqui andam há muito mas cujos nomes ainda desconheces. Jo Choneca faz parte desse leque de artistas.
Músico, compositor e multi instrumentista, Choneca é moçambicano, da Beira, mais propriamente Sofala (região centro), vive em Génova (Itália) desde 2009 e a sua música é uma feliz encruzilhada entre os sons tradicionais do país de Malangatana e a música eletrónica. E como se não bastasse, a boa vibe do artista – capaz de levantar qualquer baixo astral – sente-se quer a nível sonoro como visual, através dos seus videoclipes.
Cresceu na cidade da Beira, onde passava as tardes na Casa de Cultura, onde aprendeu a tocar diversos instrumentos e fez parte da mítica banda moçambicana Nyacha, formada em 2002 por jovens estudantes.
Numa conversa via zoom, Jo Choneca fala-nos sobre esse percurso, de como o amor levou-o a mudar-se para Itália e das suas inovações musicais.
Com os Nyacha, Jo carrega às costas mais de 180 concertos, 35 workshops, uma digressão pela Europa e Ásia, várias participações em festivais nacionais e internacionais, incluindo o conhecido Festival Mundial de Tilburg, na Holanda.

Mesmo com um percurso impressionante, sobretudo a nível de conjunto, com os Nyacha, o que acabou por chamar-nos a atenção na música de Jo é a sua essência artística ancorada nas suas raizes e a força bruta da sua música.
A maioria da suas letras são em xisena, terceira língua Bantu (do conjunto de línguas niassa – da família nígero-congolesa) de Moçambique, falada por cerca de 10% da população.
Através das plataformas digitais, no dia 21 de março, o artista disponibilizou “Nyacatenga”, que revela na perfeição essa essência de que falamos. O single é uma fábula cantada em cima de um afrobeat que, depois do play acionado, vai exigir que explores todo o potencial da tua aparelhagem de som.
Quando chegou a Itália, Jo Choneca corria atrás do amor e acabou por ali instalar-se. Terminou os estudos e continuou sempre ligado à música. fez parte do grupo MoSamba, que juntavas ritmos africanos ao samba, mas passados três anos, acabou por focar-se numa carreira a solo.
Com um repertório de músicas próprias em português, italiano, inglês e xisena tem conseguido conquistar o público italiano.
Em 2019 lançou um primeiro EP, composto exclusivamente em italiano. Entretanto, está agora concentrado em lançar a sua segunda obra, o EP Bantu. Esse trabalho acaba por criar um reconexão musical mais profunda com o continente africano, com uma base de música eletrónica. A promessa é o de ser um EP que permita ao ouvinte imergir numa mistura de estilos e sons eletrónicos africanos.
“Nyacatenga”, single que promove o extend play, significa camaleão e conta exatamente a história deste réptil da família chamaeleonidae que, apesar da lentidão, este lagarto quando parte em viagem chega sempre ao seu destino. Durante a viagem, “Nyacatenga” muda de cor, muda de paisagem, enfrenta várias dificuldades mas não perde a esperança. É uma analogia às histórias e estórias de todos os que estão a lutar para tentar realizar os seus sonhos.