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Senegal trava venda de biblioteca pessoal de Léopold Senghor em França

O leilão da impressionante biblioteca pessoal de Léopold Senghor, ex-presidente e renomado autor senegalês, em França, acabou por não se realizar, depois da intervenção do Estado do Senegal junto dos organizadores, nesta segunda-feira, 15 de abril, revelou a AFP. “A venda foi suspensa porque o Estado senegalês deseja iniciar negociações com o herdeiro para comprar toda a biblioteca”, explicou o Jean Rivola, leiloeiro encarregado da venda.

Uma reviravolta de última hora, já que até o próprio leiloeiro não acreditava numa intervenção do Senegal, como afirmou ao jornal Parisien a 15 de abril, antes de receber a notícia.

“O interesse desta biblioteca é que nos permite ver quais eram as afinidades intelectuais de Léopold Senghor, os escritores com quem ele trocava entre os anos 1940 e 1970”, acrescenta o especialista. Investigadores e Organizações Internacionais Não Governamentais da Francofonia expressaram-se a favor da compra das obras pelo Estado senegalês, considerando a sua importância histórica.

“As modalidades para o seu repatriamento para o Senegal não nos pertencem, no entanto, gostaríamos de chamar a atenção das novas autoridades, do futuro ministro da Cultura, para a necessidade, precisamente, de trazer este património de volta ao Senegal para que possa ser acessível ao público. O Estado do Senegal pode muito bem comprar pelo menos uma parte destas obras”, explicava Céline Labrune-Badiane, membro do grupo de investigação internacional Léopold Sédar Senghor.

Abertura de negociações

Durante 15 dias, vão acontecer as negociações entre o Senegal, a casa de leilões e a herdeira que optou por se separar da coleção. Após esse período, os cerca de 300 lotes serão novamente colocados à venda, como inicialmente planeado.

O Parisien explica que os bens do casal Senghor, após a morte em 2018 de Colette Senghor, a segunda esposa do escritor e político, passaram para a assistente domiciliar que a acompanhou durante anos. Para pagar os impostos sobre a herança, a herdeira procedeu então à venda de parte desses bens, incluindo uma pintura de Soulages e presentes diplomáticos, pelos quais o Estado senegalês já havia manifestado interesse em 2021.

As ofertas iniciais para a biblioteca de Senghor começavam bastante baixas para a maioria dos livros que a compõem. O que poderá facilitar as transações e posterior repatriação dos livros para o Senegal.

As peças anteriormente adquiridas por Dakar, num total de 244 mil euros, foram depois expostas no Museu das Civilizações Negras da capital senegalesa. Os novos livros podem lá ser colocados ou juntar-se a um local dedicado, ainda a ser definido: “O Estado do Senegal decidiu criar um museu Senghor para tudo o que o presidente representou: primeiro presidente do Senegal, fundador da nação, homem de cultura e de dimensão global, que é ele próprio um símbolo de união universal entre os povos”, explicou o embaixador do Senegal em França, El Hadji Magatte Seye, à AFP.

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