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June Freedom e Cabo Verde nos sete mares do mundo

June Freedom em entrevista à BANTUMEN / Foto: Iris Maximiano
June Freedom em entrevista à BANTUMEN / Foto: Iris Maximiano

Com novo álbum lançado, 7 Seas, e uma tour pela Europa marcada, numa curta passagem por Lisboa, conseguimos beber um café e comer uma tosta mista com June freedom, para trocarmos dois dedos de conversa.

Todo vestido de preto, com uma boina ao estilo de Ildo Lobo [cantor e compositor maior de Cabo Verde], uma camisa com detalhes de Panu di Tera [pano tradicional tecido à mão na ilha de Santiago] e umas botas à cowboy. Foi assim que avistámos June Freedom ao longe, como se fosse uma estrela de cinema à espera de receber um prémio.

Com um sorriso no rosto, começamos a falar automaticamente em crioulo – com uma mistura de inglês e um toque de português – sobre Cabo Verde e sobre música. Nascido em Boston, viveu na Ilha do Fogo a maior parte da sua juventude. Essas vivências tornaram-no num artista multicultural e multilingue – canta em inglês, português, espanhol e crioulo.

Em tenra idade, pisou e partilhou o palco com Ildo Lobo, um dos mais importantes ícones da música cabo-verdiana e africana, falecido em 2004. June cresceu a ouvir coladeira, em casa e no restaurante da mãe, o Tropical, onde grandes nomes da música comiam e cantavam ao vivo. Aos 12/13 anos era o estilo em que mais gostava de cantar. Na altura, enquanto a maior parte dos jovens imitava Michael Jackson, June queria ser como Ildo Lobo. “Todos ouviam-me a cantar, desde americanos a espanhóis, que nem sequer conheciam a nossa cultura [cabo-verdiana], então foi um choque incrível. Acabei por adaptar-me, agarrei-me à aquilo que eu achava ser uma fórmula para mim, como uma boa cachupa”, explicou-nos June.

June Freedom em entrevista à BANTUMEN / Foto: Iris Maximiano

Com o passar do tempo, foi-se descobrindo cada vez mais como músico, o que gostava de fazer e como gostava de fazer. Expressou a sua dor na pandemia, em Dor d’um Kriolu, com Nelson Freitas, música que fez que fosse notado pelos cabo-verdianos e pela lusofonia. Nessa mesma altura decidiu fazer um álbum, Anchor Baby, que escrevemos aqui ser uma viajem musical eclética, entre o passado e o presente, que comporta elementos das suas origens, como o Batuco [batuque] de Cabo Verde, misturando a Kizomba de Angola e os internacionalizados Pop, Zouk, e Worldbeat. Nesta mistura sonora homogeneamente perfeita, o elo de ligação é o afrobeat das terras de Wizkid e Burna Boy.

No último álbum quis mostrar-me ao meu povo, neste eu quero mostrar-me ao mundo

June Freedom

“Eu acho que o Anchor Baby é isso mesmo. Foi uma fusão de tudo, da minha infância, daquilo que estava presente e focado, em termos de estilo musical nos Estados Unidos. É um bom prato de cachupa. Tem um pouco de tudo lá. Acho que tem a sonoridade da música cabo-verdiana, onde ouves uns acordes e umas batidas mesmo tradicionais mas, ao mesmo tempo, com umas melodias, entre o Pop e Rnb”. Embora o álbum não tenha sido pensado assim, “essa musicalidade foi acontecendo com o tempo, com os produtores. A maior parte da minha música foi feita com dois produtores. São da Holanda, um crioulo e outro da Turquia, uma fusão que correu bem. Aconteceu como tinha de acontecer”, explicou.

Globalmente, June Freedom já conquistou mais de 1,5 milhões de ouvintes mensais no Spotify e mais de 200 milhões de streams em todas as plataformas – um feito que atualmente o marca como o artista cabo-verdiano mais ouvido em 2023, ultrapassando lendas como Cesária Évora, Tito Paris, Mayra Andrade e Nelson Freitas.

June reconhece o impacto que os números possam ter e sente que a sua música está a chegar além fronteiras. O que o motiva a fazer mais. Depois do primeiro álbum, lançou a versão Deluxe. No final de 2023, lançou 7 Seas, que o mesmo afirma “liberta-se das restrições da indústria, fundindo Alt-Pop, Worldbeat, Zouk/Kizomba, R&B e Afro-soul”, ao mesmo tempo que extrai notas influentes e inspiração da sua herança cabo-verdiana, onde quer mergulhar e levar a sua música aos sete mares.

“Eu queria explorar mais. Com o meu piano fiz umas batidas mais afro também. Mas também trouxe a música de Cabo-Verde. No último álbum quis mostrar-me ao meu povo, neste eu quero mostrar-me ao mundo. E sinto que isso está a acontecer quando recebo mensagens de pessoas na China a ouvir a minha música. 7 seas é um encanto do mundo inteiro. Fiz ao contrário da norma, quis primeiro cantar para o meu povo, a minha terra, para depois cantar fora”, reafirmou June.

Confessou ainda que tem muita música nova para sair, até músicas com Akon, artista que deu a June as primeiras oportunidades na música, nos Estados Unidos. Mas, por agora, está focado em dar a conhecer às pessoas o mais recente álbum e fazer concertos.

Com novo álbum, vem nova tour. A digressão de June Freedom arrancou no dia 25 de janeiro, em Roterdão, segue para Alemanha nas cidade de Colónia (30 de janeiro), Berlin (27 de janeiro) e Hamburgo (28 de janeiro). O artista também vai atuar em Paris (França) no dia 31 de janeiro, Londres (Reino Unido) no dia 2 de fevereiro, antes de chegar à Espanha para dois espetáculos, em Madrid a 4 de fevereiro e Barcelona a 5 de fevereiro.

A Portugal, o artista regressa no próximo dia 7 de fevereiro, onde vai atuar no Lisboa ao Vivo. Os convidados são Dino D’Santiago, Nelson Freitas, Djodje e Loony Johnson. E no dia 8 vai estar no Porto, no Hard Club, antes de ir a Cabo Verde para participar na Festa da Banderona, na ilha do Fogo.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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