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Karol Conká, a arte de viver entre a loucura e a sagacidade

Karol Conká, no Festival Iminente, 2022 | @Olson Ferreira
Karol Conká, no Festival Iminente, 2022 | @Olson Ferreira

É rapper, produtora, modelo e apresentadora brasileira. No seu registo de nascimento é Karoline dos Santos Oliveira mas, no mundo artístico, é conhecida como Karol Conká.

Canta sobre as mulheres e os seus direitos, foi assim que se tornou conhecida no mundo da música, desde 2011, atura em que lançou o seu primeiro projeto, o EP Promo.

Dois anos depois, lança o primeiro álbum, intitulado Batuk Freak, que contém vários hits bem conhecidos pelo povo brasileiro como “Boa Noite” e “Gandaia”.

Devido a esse trabalho a rapper foi nomeada e venceu na categoria de “Artista Revelação” no Prémio Multishow de Música Brasileira. Em 2015, volta a ser nomeada e ganha mas na categoria “Nova Canção” com a música “Tombei”.

Como se não bastasse, em 2016 a carreira de Carol Konká tomou outro rumo após a apresentação na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio, onde ficou conhecida internacionalmente. Entretanto, começa o processo criativo para a gravação do segundo álbum, Ambulante, lançado em 2018 e em 2019 viaja para Portugal para concertos, pela primeira vez.

De volta ao Brasil, Karol participa no Big Brother Brasil na edição de 2021 – reality show onde os participantes ficam confinados numa casa, vigiados por câmeras 24 horas por dia, sem a possibilidade de comunicarem com os seus parentes e amigos, ler jornais ou usar qualquer outro meio para obter informações externas – onde acabou na quarta posição, eliminada com 99,17% dos votos, tornando-se no maior recorde de rejeição do BBB.

Karol considera-se uma pessoa que sabe balançar as coisas da vida, consegue fazer um equilíbrio quase perfeito entre a loucura e a sagacidade, porque “só assim se consegue viver neste mundo, para ver o lado A e B das coisas”.

Durante a sua apresentação pela primeira vez no Iminente, festival urbano de arte e música, que aconteceu de 22 a 25 de setembro, em Lisboa, conseguimos ter precisamente três minutos e 48 segundos da sua atenção para uma breve entrevista.

Karol usa a sua arte para se afirmar num espaço de fala da mulher negra e deixar bem claro que a potência dessa mesma mulher vai além de dores e sofrimentos. “A gente tem muita coisa boa para partilhar e inspirar. Inclusive, se não fossem os pretos muita coisa não teria acontecido, principalmente na cultura, a gente tem muito para contribuir”, explica.

Mas de que forma se pode usar a arte sem perder a sanidade ou mantendo-se fiel a si mesmo e às suas crenças e ideologias? Para Karol, a melhor forma é apegando-se às suas raízes e conectar-se com a sua essência, com as pessoas que pensam igual, que pensam em evolução que usam a arte como forma de combate.

O seu terceiro e último álbum lançado em março deste ano é o resultado dessa ideia e de tudo o que tem passado. Urucrum foi também um processo criativo terapêutico para Karol, após a saída do Big Brother Brasil – um dos momentos mais turbulentos da sua vida, onde se sentiu vulnerável e teve vontade de desistir da gravação do álbum. Foi um momento chave para apegar-se na sua essência transformado as suas experiências, vivências e percepções em arte. Desde então, tudo fluiu e o processo criativo do álbum foi importante, por ter sido uma forma de reconectar-se com quem ela é de verdade e de se curar de coisas que passou.

Senti que o público estava mesmo comigo

Karol Conká

Urucrum significa a reconexão, o reencontro, a amplificação de percepções e a cura, por isso esse nome. Urucrum é uma planta muito usada por índios no Brasil e uma das propriedades dessa planta é a cicatrização. Como estava a passar por um processo de auto-conhecimento, me vi num processo de cura também. Precisei me curar e me perdoar de vários fragmentos. Esse nome [Urucrum] simboliza a cura”, disse sobre o álbum e porquê do seu título.

Para a sua apresentação em Portugal, no Festival Iminente, além das músicas que puseram o mundo de olho nela e que fazem parte de Batuk Freak, Karol cantou também temas do último álbum. Embora o o recinto à volta do palco não estivesse lotado, o concerto foi bom, teve energia e a rapper sentiu o calor português. “Senti que o público estava mesmo comigo”, confessou Karol Conká.

Hoje, a artista só consegue dar concertos e manter-se focada porque foi necessário uma pausa e uma análise intrínseca. “A minha experiência no BBB foi e é muito importante na vida como pessoa e artista, porque trouxe a possibilidade de reconhecer não só os meus erros, mas os erros de toda uma população que clamava por empatia sem praticar. Isso me trouxe mais carinho comigo mesma, que assim posso ser mais carinhosa com os fragmentos das outras pessoas. Há uma frase que diz ‘você é o que você tem’”.

“O que tinha depois do reality era a disposição de me tornar numa pessoa mais evoluída e muita arte. Foi um grande ensinamento para mim e para quem acompanhou”, acrescentou.

Vê e ouve a entrevista na íntegra ao clicar no vídeo.

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