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Mahmundi: “Já fiz muita questão de ser aprovada, mas hoje em dia só quero o meu dinheiro”

Mahmundi | ©Breno da Matta
Mahmundi | ©Breno da Matta

Marcela Vale é múltipla: cantora, compositora, instrumentista e produtora musical. Sob o nome artístico Mahmundi, tem um currículo extenso com quatro discos, alguns EPs, vários singles, produções e parcerias, que são complementados com um Prêmio Multishow de Música Brasileira (um dos mais importantes do Brasil), em 2014, com o single “Sentimento”, na categoria Nova Canção (Superjúri), e em 2019 foi indicada ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa, com o álbum “Para Dias Ruins”.

O mais recente álbum é Amor Fati. Com ele, Mahmundi pretende levar sua arte para além das fronteiras brasileiras. Para atingir a meta, a artista fez um projeto sólido e coeso, trazendo questões sobre o amor, relacionamentos e a vivência em um lugar que não é seu, mesmo você pertencendo a ele desde sempre. Mas apesar de ter temas que levem a pensar, a intenção dela é fazer com que o ouvido aprecie a música onde quer que esteja, muitas vezes sem aquele compromisso de pegar a mensagem. Por isso, prezou por fazer um trabalho minimalista, focando na qualidade sonora.

“Demorei muito [foram três anos de produção] para chegar no resultado de menos é mais. Tenta trabalhar com menos, com cinco cores, com quatro timbres, com dois instrumentos”, diz ela. “Tem muitos artistas que falam que quando você fica sampleando, a coisa é muito mais vasta. Quando você fica com dois-três instrumentos no máximo é aí que você vai serrando pra chegar no resultado. Eu comecei de um jeito e no final já estava assim: cara, tenho uma imagem aqui e vou construir em cima dela”.

Na conversa via Zoom, diretamente do seu estúdio em São Paulo, Marcela detalha a produção daquele que considera ser o seu melhor trabalho solo até aqui, música brasileira, indústria musical e dá um insight de como serão os shows de Amor Fati, que passará também por Portugal.  

“Acho que o show desse disco é mais de sensação com uma banda muito mais consciente visualmente dos sons. Eu estou super animada, né!? Vou também para Portugal fazer um rolezinho com o Bala Desejo, já projetando ficar uns tempos lá para ver como está a cena. Fui para Portugal em 2018 e estava acontecendo alguma coisa, sabe!? Estava saindo a história do fado, finalmente, e indo para outros assuntos. Então, vai ser massa rodar o mundo e saber o que está acontecendo”.

Qual o sentimento depois de colocar “Amor Fati” na rua e observar a receptividade do público?

Estou muito feliz com toda essa repercussão… Como produtora musical (também), acho que a parte que fico mais fritando com o resultado sonoro, de como as pessoas vêem isso, e o meu lado artista da Mahmundi também é gostoso de ver, mas sou Leão com Capricórnio e Touro, então estou sempre em busca desses resultados de fazer as coisas funcionarem. Estou achando um máximo e já aprimorando para os próximos.

A produção está bem redonda e puxa para um lado pop, mas aquele pop com identidade nacional, brasileira, que é um tipo de textura que você trouxe nos outros discos, mas não segue uma mesma receita. E o mais interessante é que dá para identificar a sua assinatura também nas produções. Como foi o desenvolvimento deste projeto, três anos depois do último que você lançou, Mundo Novo?

Eu estava muito focada em trabalhar no som, essa era a minha pesquisa… e é difícil explicar isso para jornalistas, fãs, gravadora, enfim. E antes de qualquer coisa, eu já venho trabalhando nessa pesquisa há anos, desde quando eu fazia cinema já pensava em som direto. Não estudei na faculdade, mas comecei a trabalhar como microfonista em longa, curta (metragem) e já pensando nessa história de ser trilha sonora, sound designer e tal. E aí, sempre cantei por causa da igreja, toquei bateria. Mas acho que, ao longo dos anos, fui entendendo o meu processo criativo e como afiná-lo, muito mais do que produzir uma música para fazer sucesso, para bombar, para rolar, não sei… todos os artistas que admirei a vida inteira sempre partiram muito disso: do processo. Não era uma coisa de chegar lá e cantar. Eu não fui muito de cantar, por exemplo, mas fui entendendo o potencial da minha voz, de como estava ali, porque ela é uma das peças entre o som, as harmonias, entre as composições. Gosto muito desse trabalho porque fui fazendo as minhas próprias colagens.

O título traz uma referência filosófica, de Nietzsche. Explica por que nomeá-lo como Amor Fati?

Amor Fati é amor ao destino. Quando li essa frase pela primeira vez, senti que o significado dela era bonito. É sobre como você se comporta com tudo que vem, com tudo que pode vir. O mundo é muito cruel, assustador e, ao mesmo tempo, ninguém pode fazer nada com isso. Até nós, como pessoas pretas, vivendo no mundo, sabendo esse cálculo horroroso que parece imutável e a gente vai melhorando um pouco as perspectivas, mas uma vez me peguei… falei assim: “cara, essa porra não vai mudar mesmo”. E o que eu posso fazer? Acho que lendo muito sobre psicanálise, muito (Jacques) Lacan, muito (Friedrich) Nietzsche, muita coisa, sabe? Fui criada na igreja e aprendi a ter uma perspectiva muito romântica. Essa ideia de Amor Fati, de tudo que pode ser e estar preparada para as coisas, me soa mais interessante porque sofro menos, fico menos ameaçada e sou mais realista. Acho que o álbum tem muito isso. As composições, os sons estavam muito preparados na rua, porque eu estava vendo a rua, absorvendo e vivendo a rua para chegar nesse resultado.

“Fugitivos” fala um pouco sobre isso, de estar num lugar que não é seu e “tentar” se adaptar nesse ambiente hostil…

Se adaptar não se adaptando, né? Na verdade digo: “fugitivos fora do padrão, a gente não é daqui, não vou me adaptar”… Seria uma coisa mais romântica de ‘vou me adaptar’, mas não vou me adaptar. Várias coisas, fotos, vídeos, lugares do mundo que você acha que nunca vai poder acessar, mas que são só lugares no mundo que você pode acessar. Mudar um pouco a narrativa foi interessante, desde musicalmente, desde o esquema de composição até à forma de pensar, que é: ‘não quero estar presa aqui’. Já fiz muita questão de ser aprovada, mas hoje em dia só quero o meu dinheiro, viajar pelo mundo e estudar arte.

Você fala também sobre relacionamentos e todas as formas de amor. É um álbum “redondo” para colocar, para tocar e só curtir. A intenção era fazer um trabalho sem um certo compromisso com hits, mas pensando em algo que fizesse o ouvinte aproveitar em qualquer momento?

Foi se tornando. Antes o processo era muito meu. Fiz o Mundo Novo“, que foi um EP de 2020, época da pandemia, e eu estava muito introspectiva. Era tipo: ‘faço e vocês estão convidados a verem o que eu faço’. As coisas que estou fazendo atualmente é: ‘quero falar com vocês, estou fazendo coisas para vocês’. E isso muda completamente. Colocar, por exemplo, a primeira faixa que é “Amanhã” e sabendo que as pessoas iam gostar daquilo com uns riffs de guitarra, que elas iriam colocar na playlist, postar vídeos e sei lá o quê… tem uma coisa muito massa que estou aprendendo, e tem muito a ver com a relação de estar numa gravadora e estar muito mais perto do entretenimento que é música para as pessoas. Toda vez que lembro dos artistas que me emocionaram (e acho que você deve lembrar também), eles estavam fazendo esse papel. Então, acho que dá para a gente fazer isso com bom senso, com bom gosto, para as pessoas. E chegar nessa coisa que você falou de estar redondo, eu acho que é isso. Para você tomar um café, uma música você manda para alguém, outra música você guarda para você… com a tecnologia fica mais fácil de distribuir as músicas assim.

Tudo começa um pouco com música, de você escrever, colocar a música para pintar… acho esse sentimento romântico e lindo porque essas frequências musicais batem em você. A música é um agrupamento de coisas porque ela te dá uma imagem, você compõe coisas e sente frequências energéticas por conta dos sons

E como foi estruturar tudo, tanto musicalmente quanto nas composições? Você disse que não era tanto de cantar, mas como foi produzir, compor e depois juntar tudo isso?

Gravo as minhas vozes já faz um tempo. Mas olhar para ela nessa observação de: ‘vamo lá, você é o camisa 10 desse processo’, desde ter mixado o disco algumas vezes e aí finalmente mandei para o Pedro Calloni, que masterizou e mixou em Los Angeles, tem uma onda de estar com parceiros que estão lidando com músicas globais. Então, precisava passar minha voz por esse processo (e aí morreu uma graninha, mas vamos nessa). Eu entendi que precisava transformar, sabe, dar um upgrade!? Você quer uma bicicleta e fala: caralho, eu preciso correr melhor, então preciso de uma bicicleta melhor. E parece bobeira, mas performance tem muito a ver com isso, desde você viver bem, comer bem… Então, o que tenho virado nos últimos tempos (que estou amando) é ter direção das coisas. É conseguir olhar para mim e entender o que a música precisa. O álbum é muito isso, tem muito assunto de som, mas está muito bem mixado, escondido, onde a voz, a palavra é a primeira coisa que vem. Eu que sempre atochei instrumento musical para deixar minha voz meio escondida, fiquei muito surpresa. Então, é meio isso, calculando as coisas sem soar meio: estou calculando as coisas, mas estou calculando as coisas (risadas).

Querendo ou não a arte, a música, é matemática. Você vai ter que calcular para ver onde vai encaixar cada coisa. Tudo é milimetricamente pensado para chegar a um resultado. Não é algo que você joga ali e fé… 

Não é. Tem um amigo meu, que inclusive tocou com a Rita Lee um tempo, o coroa Luiz, fala muito que a música é a mãe das artes. Alguém disse para ele, e ele falou: eu acredito nisso e acho que você pode pensar sobre isso. ‘Tudo começa um pouco com música, de você escrever, colocar a música para pintar’. Acho esse sentimento romântico e lindo porque essas frequências musicais batem em você. A música é um agrupamento de coisas porque ela te dá uma imagem, você compõe coisas e sente frequências energéticas por conta dos sons. Eu sinto que estou no meu melhor momento. Estou no estúdio, lancei um álbum que gosto, fazendo vídeos com Guilherme Junqueira, que é o diretor criativo do projeto, Pablo Aguiar, que dirigiu o vídeo, uma equipe de gente que está totalmente se mexendo. Não tem ninguém sobrando no set, está todo mundo fazendo. E eu vim nesse processo manual. Estou voltando a fazer isso com mais gosto, pesquisando minhas capas, fazendo montagens, uns esboços… Sinto que estou num momento bom. Estou morando em São Paulo de novo, que é uma cidade que fica te lembrando como você pode fazer coisas e como elas podem ser consumidas rápido, e isso é interessante.

Quando você começou a montar esse quebra-cabeça e concluiu que tinha um disco? Cada música foi pensada para fazer parte dele ou foi encaixando ao longo do processo? 

As coisas foram se encaixando ao longo do tempo. O Beto Neves, que é um produtor e agora mixa grandes áudios aqui do Brasil, me falou isso. Ele disse: “cara, quando você começa a entender a sua disposição de calcular as coisas, o seu processo é muito mais rápido… você vai entender daqui pra frente”. Mano, eu demorei muito pra chegar nesse resultado. Eu montei, desmontei, construí, destruí, mudei tom, mudei letra… demorei muito (foram três anos fazendo) para chegar no resultado de menos é mais. Tenta trabalhar com menos, com 5 cores, com quatro timbres, com dois instrumentos. Tem muitos artistas que falam que quando você fica sampleando, a coisa é muito mais vasta. Quando você fica com 2-3 instrumentos no máximo é aí que você vai serrando pra chegar no resultado. Eu comecei de um jeito e no final já estava assim: cara, tenho uma imagem aqui e vou construir em cima dela. Demorou, mas acho que vou ser mais rápida da próxima porque a gravadora (que é um amor) falou: e aí, precisa fazer. Inclusive, ganhei um feliz aniversário quando disse que ia lançar o álbum. Cantaram parabéns pra mim por três anos de espera. 

Mas essa espera compensou, né!?

Sim, mas a minha brincadeira com eles lá era: ‘fica me zoando aí, daqui a pouco eu volto’. Aí, a gente faz alguma coisa, entrega, e faz outra coisa em tempo menor. É divertido também. Eu gosto muito dessa ideia de entender o meu melhor jeito de performar no mundo, sem projetar muito as coisas… Por isso que acho que Amor Fati tinha muito disso, quando fui entendendo mais e lendo mais. Como eu, Marcela, posso entregar? Porque uma coisa é você ver o processo nas mãos de outro artista, mas quando é o seu corpo, as suas ideias, como faz? Então, já estou animada para o próximo.

O seu som também traz uma estética global. Até falei sobre isso com o Tagua Tagua, que participa do seu disco, porque vocês têm algo em comum por fazer um som que tem um tempero brasileiro, mas entra facilmente em diferentes lugares. Pretende expandir os horizontes e levar a sua arte para fora do Brasil?

Totalmente! As pessoas com quem eu comecei a admirar música de novo, porque tem um momento (e não sei como é para você) que eu gostava muito de umas músicas e aí chegou um momento na minha vida que eu não estava ouvindo nada, e nada me pegava. Então, comecei a ouvir músicas e artistas que começaram a dar vontade de fazer música. A gente está vivendo num mundo sub-globalizado, e o Tagua tem muito isso também. As composições dele são uma delícia, ele é um cara muito massa, ele transparece muito isso no projeto dele. Então, o Brasil não vai vir com pandeiro, vai vir com a sua alma. Mas eu gosto de não caber aqui e acho muito foda quem faz a cultura do Brasil. Não fui uma pessoa que ouviu música brasileira. Lá em casa era muito gospel americano, porque tinha toda aquela coisa de que macumba era do diabo. Então, não convivi com essas músicas. Mas amo Jorge Ben Jor, por exemplo, e é um sonho fazer alguma coisa dele.

Mostra também que o Brasil vai além dos ritmos tradicionais… tem um pop característico daqui, como é o seu caso. Mas você considera que faz um som pop?

Antes não considerava, mas agora consigo enxergar que ela tem potencial para. Quanto mais eu melhoro a performance dela de áudio, sabe!? A música pode ser linda, mas se ela não tiver volume suficiente não vai soar. Eu considero, e gosto também desse estereótipo do Brasil, sabia!? Porque dentro disso você começa a ver de onde essas pessoas tiraram isso. Gosto que quando mais cavuca, você encontra coisas antigas, sejam indígenas, africanas, já vindo para essa cultura do Brasil. Outra coisa que não tem nada a ver com pandeiro e percussão, mas gosto porque é para se lembrar que a parada é preta, de alguma forma. Vai ramificando para os lugares do Norte, do Nordeste… daquele quente, que eu gosto quando ele é estereotipado mesmo, porque lá fora o bagulho é muito frio e ele tem um lugar harmônico. O Brasil para mim é mais ritmo do que melodia e harmonia. Eu gosto muito da Europa, Estados Unidos e Japão e acho que a ideia é misturar tudo, ouvir tudo e agora estou muito mais focada em composição, e sinto que dá para trazer essa musicalidade na palavra porque o Brasil é muito rico nisso. É foda.

Principalmente por causa do nosso português, que é diferente de todos os outros da lusofonia porque tem uma ginga na forma da gente falar e se comunicar. Isso é o que faz ela permanecer quente, mesmo sem usar os estilos populares do Brasil. A sua música vai por esse caminho e tem uma carga eletrônica também. Como é levar isso para o show, com a banda? O grau de dificuldade aumenta?

Não faço ideia, vou descobrir agora. A gente está montando uma banda com o Carlos Bezerra, que é o produtor/diretor desse show, tem um cara de uma banda chamada Amém Jr., que é o som que eu curto muito, e a gente vê a mesma referência de muito synth, wave 80, acho que vai ser gostoso. Cara, estou na pilha de fazer um espetáculo de imagem. Não acho que é o momento de todo mundo estar tocando para caralho numa banda. Tipo, não me interessa muito isso. O que interessa é: saiam daqui e pensem sobre ela amanhã. Eu troco muita ideia com uns amigos meus que são desse lugar que é muito fálico, de você estar tocando e solando… é maravilhoso, mas é só mais um dos lugares. Então, às vezes, você não tem a sensibilidade de pegar uma música minimalista e entrar naquele universo. Acho que o show desse disco é mais de sensação com uma banda muito mais consciente visualmente dos sons. Eu estou super animada, né!? Vou também para Portugal fazer um rolezinho com o Bala Desejo, já projetando ficar uns tempos lá para ver como está a cena. Fui para Portugal em 2018 e estava acontecendo alguma coisa, sabe!? Estava saindo a história do fado, finalmente, e indo para outros assuntos. Então, vai ser massa rodar o mundo e saber o que está acontecendo.

E quando o público de fora tem contato com a sua música qual é a resposta deles? E como é ter contato com essas experiências fora do Brasil?

Cara, tem muita gente do Japão compartilhando, e acho sempre engraçado porque, ao mesmo tempo, que eu achava que não ia estar no Japão, começo a acreditar que posso comprar uma passagem e passar um final de semana lá. O capitalismo e as oportunidades são muito engraçadas, como tudo deixa de ser um sonho e pode se tornar um planejamento. Então, sempre que rola vinil para o Japão eles consomem tudo, Portugal também, mas no Japão do nada virou essa coisa.

O Japão é o segundo maior consumidor de música e a música brasileira é muito consumida…

Eu não estou anulando a música brasileira, mas gosto como eles têm a acessibilidade de ainda assim querer algo novo.

A Internet também ajuda a fazer novas descobertas, atingir um maior número de pessoas e consumir a música com mais facilidade…

E também no abandono dos artistas com mais velocidade…

Tornou-se uma coisa meio descartável!

Tenho medo de ficar uma “velha” de 36 anos… Não velha, mas conservadora daquelas de que no meu tempo não era assim e agora tem que fazer assim. Sim, agora é necessário fazer desse jeito ou você pode ficar dentro da sua casa, tá tudo bem! Essa coisa que a gente tem com o mundo como ele precisasse se adaptar… Tipo, calma! Já aconteceram milhões de tecnologias e a gente está aqui. Eu digo que vou estar sempre me antecipando, então estou super dentro do que está acontecendo, desde som e linguagem.

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