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Núcleo Cesária Évora trabalha na emancipação da mulher cabo-verdiana

Cesária Évora
Foto: Mário Galiano

Cesária Joana Évora foi a figura de maior reconhecimento internacional de toda a história da música popular cabo-verdiana. Viva, completaria 79 anos na quinta-feira, dia 27 de agosto.

Cesária Évora nasceu no ano de 1941, na ilha de São Vicente, e faleceu no dia 17 de dezembro de 2011, no Hospital Baptista de Sousa, no Mindelo, onde se encontrava internada.

Anualmente, a data do seu aniversário é recordada na Casa-Museu com o seu nome, com diferentes actividades envolvendo a classe artística e profissionais da música e toda a comunidade mindelense.

Este ano não podendo ser desta forma, por conta do confinamento social que o mundo vive, o Núcleo Museológico Cesária Évora recolheu alguns testemunhos de quem teve a honra de conviver, tocar e cantar ao lado da artista e de quem se inspira na sua forma de ser e cantar até aos dias de hoje.

Desta forma, o Núcleo Museológico Cesária Évora, na cidade do Mindelo, São Vicente, tem trabalhado, não só para preservar o espólio de Cesária Évora, como também na emancipação da mulher cabo-verdiana e na luta contra a violência baseada no género.

À margem do aniversário da Diva dos Pés Descalços, a Inforpress conversou com o coordenador do núcleo museológico Cesária Évora, Adilson Dias, sobre o trabalho que este projecto tem estado a fazer nos últimos cinco anos para honrar o nome da artista.

O núcleo museológico criado em 2015, numa antiga residência que lhe foi ofertada pelo Estado de Cabo Verde, o Núcleo Museológico Cesária Évora tem preservado a memória desta em todas as vertentes, desde Cesária Évora como mulher cabo-verdiana e batalhadora, mas, sobretudo, enquanto artista de renome internacional, segundo Adilson Dias.

“O museu tem estado a trabalhar em programas educativos para a classe estudantil, mas também programas para a sociedade, numa perspectiva de que fazer com que a sociedade mindelense se revê no espaço, e em visitas orientadas”, disse, apontando ainda que o museu tem trabalhado numa lógica de emancipação feminina e empoderamento familiar e na prevenção contra violência baseada no gênero.”

É neste sentido que foi criado e implementado, desde 2017, o programa de sensibilização dos jovens sobre a violência baseada no gênero e a necessidade de elevar a autoestima dessa classe para se emanciparem e afirmarem na sociedade como pessoas capazes de tomar as rédeas do seu destino.

“O núcleo museológico por ter uma figura de mulher tem estado a trabalhar neste sentido. O espólio acaba por nos levar a isto, porque nos leva a um espólio de uma mulher, as roupas de uma mulher normal, mas também mostra a transformação dessa mulher comum numa mulher que soube conquistar o mundo com as qualidades próprias que ela tinha”, afirmou.

Este museu, segundo a mesma fonte, é um museu multifacetado, porque não é um lugar só de exposição, mas sim um espaço de aprendizagem, de lazer, e, sobretudo, um espaço de reflexão e de inspiração para a geração actual.

Sendo que os turistas estrangeiros continuam a ser os que mais visitam este espaço, o coordenador do núcleo informou que estão a trabalhar na redefinição de conteúdo museológico com perspectiva de melhorar o conteúdo, modernizar as exposições, modernizar o espaço para atrair mais nacionais.

“Queremos que os cabo-verdianos visitem mais os museus fora do contexto das actividades. Acabamos por ter uma entrada mais dos turistas estrangeiros, mas há uma dinâmica interessante da entrada dos nacionais porque a temática Cesária Évora mexe muito com qualquer cabo-verdiano”, disse, assegurando que a essa temática e a música cabo-verdiana chamam muita atenção das pessoas.

O projecto, uma iniciativa do Ministério da Cultura, com a parceria da edilidade e da Associação Cesária Évora, está instalado na ‘‘Casa do Artista’’, uma residência que foi construída pelo Ministério da Cultura para a Cesária habitar em 1992.

No núcleo museológico podemos encontrar um pouco da história de Cesária e da sua carreira artística, entre outros aspectos que fizeram parte da vida da “Diva dos pés descalços”.

A célebre mesa que a acompanhava no palco com o seu copo de uísque e o cigarro, foi recriada ao pormenor acompanhada de vídeos, imagens, músicas e muitas memórias que certamente irão emocionar os visitantes.

Apesar de ser sucedida em diversos outros géneros musicais, Cesária Évora foi maioritariamente relacionada com a morna, por isso também apelidada de “rainha da morna”.

Foi em Lisboa que a vida de Cesária Évora mudou, graças a Bana, que a levou para Portugal e, sobretudo, a José da Silva, Djô, cabo-verdiano radicado em França, que a levou para Paris e fez dela uma estrela reconhecida mundialmente.

Percorreu o mundo a divulgar o nome Cabo Verde e a sua cultura musical, mas só gravou o primeiro disco aos 47 anos, depois de mais de 20 a cantar pelos bares de Mindelo.

Percorreu o mundo a divulgar o nome Cabo Verde e sua cultura musical, mas só gravou o primeiro disco aos 47 anos, “La Diva Aux Pieds Nus” , foi gravado, em Paris, em 1988 , depois de mais de 20 a cantar pelos bares do Mindelo.

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