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ONU denuncia racismo estrutural no Brasil após homem negro morto em supermercado

Protesto Carrefour | DR
Protesto Carrefour | DR

A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou a existência de “racismo estrutural” no Brasil, e pediu uma investigação independente sobre a morte de um homem negro espancado até à morte num supermercado.

Na quinta-feira, 19, véspera do Dia da Consciência Negra no Brasil, um homem negro de 40 anos foi fazer compras e acabou espancado e morto por dois seguranças brancos numa loja da rede de supermercados francesa Carrefour, na cidade de Porto Alegre, capital do estado brasileiro do Rio Grande do Sul.

Testemunhas contaram que o crime ocorreu após uma briga da vítima com funcionários do supermercado, que levaram o homem para fora da loja e o espancaram até à morte.

Tratou-se de “um caso extremo, mas que infelizmente reflete a violência recorrente contra a população negra no Brasil”, avaliou a porta-voz do Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra, Ravina Shamdasani.

Racismo estrutural é o termo usado para descrever sociedades estruturadas com base na discriminação que privilegia algumas raças em detrimento das outras.

“É uma ilustração da discriminação estrutural e do racismo enfrentados pelas pessoas de origem africana” no Brasil, acrescentou a porta-voz, durante uma conferência de imprensa virtual, lembrando que esta perceção sobre racismo estrutural no país é “apoiada por dados oficiais”.

“O número de afro-brasileiros vítimas de homicídio é desproporcional quando comparado a qualquer outro grupo”, mencionou a porta-voz da ONU.

O Atlas da Violência, levantamento elaborado a partir de uma parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e o Instituto de Económica Aplicada (Ipea) que recolhe e analisa números produzidos pelo Governo brasileiro, indicou que em 2018 os negros representaram 75,7% das vítimas de todos os homicídios praticados no Brasil.

Além disso, Ravina Shamdasani lembrou que “os afro-brasileiros são excluídos e praticamente invisíveis nas instituições e estruturas de tomada de decisão”.

A porta-voz da ONU também pediu que a investigação aberta ao crime deve ser “rápida, minuciosa, independente, imparcial e transparente”, acrescentando que o inquérito deve “verificar se a discriminação racial teve um papel”.

Segundo a representante da ONU, as autoridades brasileiras também deveriam investigar “qualquer denúncia sobre o uso desproporcional da força durante as manifestações antirracistas que ocorreram após a morte de [João] Silveira Freitas”.

Várias manifestações ocorreram no Brasil em frente às lojas do grupo Carrefour nos últimos dias. Os protestos foram convocados após vídeos gravados por testemunhas na hora do crime mostrarem o homem a ser atingido por socos e imobilizado com violência, enquanto outros mostram a tentativa de socorristas para o salvar.

No sábado, o Presidente do país, Jair Bolsonaro, criticou os movimentos antirracistas, acusando-os durante um discurso na cimeira virtual do G20 de tentarem importar para o Brasil “tensões” que considerou não fazerem parte da história do Brasil.

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