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Opinião: “O Fim do Mundo” é a realidade que nos negamos a ver

O Fim do Mundo
Atores do filme nos bastidores da antestreia de “O fim do mundo” | Fotografia: Janeth Tavares /BANTUMEN

Do muito que já se escreveu sobre O Fim do Mundo, a mais recente produção de Basil da Cunha, há três coisas que nos ficam quase de forma automática na cabeça: Reboleira, Bairro e Crioulo. Pese embora a imagem que as pessoas possam criar em função destas três palavras, a verdade é que o filme do realizador luso-suíço é daqueles que vale a pena ver.

Pela verdade e pelos silêncios. Pela naturalidade e pela forma como os atores dão vida aos seus personagens, mas acima de tudo porque nos é dada a conhecer uma realidade que nos merece reflexão.

O Fim do Mundo conta a história de Spira, um rapaz que regressa ao bairro que o viu nascer, quase uma década depois de ter estado numa casa de correção. A personagem interpretada por Michael Spencer traz-nos, desde início, uma inquietude. É através de olhares e de tudo aquilo que não é dito que nos vamos apercebendo do duelo constante em que Spira vive.

De um lado estão Giovani e Chandi, parceiros de todas as horas e que recebem Spira de braços abertos, do outro lado Iara, a rapariga que capta a atenção do jovem desde o primeiro instante e, no meio disto tudo, a sensação de estar de volta a casa e sentir que não pertence a lugar nenhum. A própria forma como Spira passa a olhar e entender a vida acabam por levá-lo a um conflito com Kikas, um traficante que tenta impor a sua liderança a todo o custo.

Paralelamente a estas questões, vemos também um bairro à beira da destruição, onde a esperança desvanece a cada dia que passa e não há lugar para o sonho. A “[Reboleira] capital do stress”, nas palavras de Giovani, é-nos dada a conhecer num retrato realista de expressões, gestos, música e ambiente. São 107 minutos de filme que nos fazem rir, mas que também nos fazem questionar não só a vida, mas a forma como certas circunstâncias têm a capacidade de deturpar a visão que temos sobre as coisas, sobre os nossos sonhos.

É uma história sobre pessoas reais, interpretada por membros da comunidade. É com muita dignidade e sem qualquer tipo de vitimismo que Basil da Cunha nos dá a conhecer toda esta realidade.

Compreender este filme e toda a sua dinâmica não passa por perceber crioulo, antes isso. Passa pela capacidade de saber ver além do óbvio. De saber ler (n)as entrelinhas.

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