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Pérola: “É muito caro fazer música”

Pérola
DR

A cantora Pérola é um ícone da música angolana e lusófona. Após oito anos sem lançar um álbum, Pérola está de volta aos palcos com Sincera. Em entrevista exclusiva à BANTUMEN, a cantora revela detalhes sobre este regresso aos lançamentos, a expetativa para o concerto no Capitólio, em Lisboa, e a sua vontade de partilhar a sua música com o público português.

Questionada se o Capitólio não seria um palco demasiado pequeno para a receber e aos seus fãs, Pérola explica que foi uma escolha sua e da sua equipa mas que há também o objetivo de passar por outras salas portuguesas. “Nós escolhemos o capitólio por ser a apresentação de um álbum mas, quem sabe, no futuro fazemos outras salas. Também tenho essa expectativa. Se for possível pisar outros palcos em Portugal, para mim seria ótimo. Seria ótimo porque, obviamente, acho que o sonho de qualquer artista é partilhar aquilo que tem com o maior número de pessoas possível. Portanto, se depois do Capitólio tiver convites para mais lugares ou nós próprios arriscarmos em outras salas, obviamente, que iremos fazer com o mesmo carinho, com a mesma força, com o mesmo empenho”.

Estou super feliz com o que tem acontecido em torno deste álbum

Pérola

A artista descreve o seu novo álbum, Sincera, como um trabalho maduro que expressa os verdadeiros sentimentos de mulheres e homens e que foi muito bem recebido pelos fãs. “Estou super feliz com esse álbum. Desde que saiu, confesso que surpreendeu-me pela positiva”, afirma. A verdade é que passaram-se oito anos (e três filhos pelo meio) desde que lançou Mais de Mim. A artista quis sobretudo voltar ao registo com que se deu a conhecer aos fãs, relembrando as letras do seu álbum de estreia e, daí, preferir apostar novamente num projeto físico. “Foi muito tempo sem ter um CD de originais. E ele foi logo aceite desde o início. O álbum foi recebido com muito amor, as pessoas começaram logo a identificarem-se com as letras, com os temas, começaram a consumir as músicas, os videoclipes ainda mais ajudaram para dar mais power. Então, tem sido um percurso positivo, tem sido um percurso bom. Estou super feliz com o que tem acontecido em torno deste álbum”, confirmou à BANTUMEN.

Durante a conversa via vídeo-chamada, Eddie Pipocas perguntou se a adaptação da musicalidade da kizomba à instrumentalização digital faz diferença nas produções da artista. Pérola enfatizou a importância de adaptar os arranjos musicais de acordo com a sonoridade e as necessidades de cada música, mas indica que há canções que pedem uma abordagem mais clássica, com instrumentos acústicos. A cantora valoriza o toque ao vivo e a presença de instrumentos durante as suas apresentações, mas reconhece a relevância do digital na produção musical contemporânea. “Há temas meus que quero mesmo [instrumentos]. Quero um saxofone, tenho que ir buscar, quero uma percussão assim, tenho que ir buscar naquele artista, naquele percussionista… Há temas que têm mesmo que ir ao clássico, têm que ir à moda antiga.”

Nestes últimos oito anos, a indústria da música global foi tomada de assalto pelas plataformas de streaming, embora alguns mercados africanos ainda resistam a essa mudança. Para a sobrevivência, Pérola destaca a importância de uma estrutura sólida, envolvendo marketing, relações públicas e investimento financeiro, para alcançar o sucesso. “Temos de ter muita sorte, por exemplo, para lançar um single e esse single ouvirem logo e ser assim um boom. É um todo, não é só ter uma boa música, é uma estrutura. É uma estrutura que tem de levar isto a bom porto. É um marketing, um PR, uma pessoa que vai à frente e fala, são kumbus (dinheiros), massa… É muita coisa envolvida para que exista este boom. Há quem tem essa sorte, de facto, mas também precisa-se de uma estrutura que conheça as pessoas certas, que consegue levar as coisas até aos melhores promotores, até às melhores rádios…”

Sobre a música angolana ganhar o seu espaço a nível internacional, “nós queremos muito, obviamente, que a nossa música angolana esteja também na boca do mundo. Temos que encontrar aí uma fórmula. Não sei qual é. Estamos a tentar, acredito que muitos estão a tentar, encontrar a fórmula certa para a música certa, o som certo, [para nos podermos infiltrar no universo da música mundial], porque, a nível de qualidade, estamos lá”, disse.

Além de conseguir produzir boa música, para que esta conquiste o público, é tudo uma questão de quanto se deve e se pode investir. “Há investimento próprio da produtora, talvez não seja o suficiente para chegar nos Grammys, não sei, mas investe-se muito. É muito caro fazer música, é muito caro produzir um CD, fazer sessões fotográficas, videoclipes… E as pessoas às vezes não têm noção, pensam que é só tudo um hobby, mas não. Gasta-se muito dinheiro e obviamente esperamos que tenhamos retorno no digital, nos espetáculos, para termos alguma coisa para render”, avançou.

A sublinhar que o concerto de Pérola no Cineteatro Capitólio (Lisboa) acontecerá no dia 24 de junho, a partir das 21h30. Além da cantora, o evento contará com a participação de Soraia Ramos, Landrick e o rapper Jimmy P, entre outras surpresas. Será uma noite de celebração da música lusófona, com talentos de diferentes países de língua portuguesa. Os ingressos estão disponíveis para compra através dos canais oficiais do Cineteatro Capitólio.

Assiste à conversa completa com Pérola nas nossas diferentes plataformas de streaming.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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