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Prodígio, o orgulho do pai

Prodígio e o Pai | ©BANTUMEN
Prodígio e o Pai | ©BANTUMEN

Prodígio, Força Suprema, FS4 life. Para os distraídos sobre o panorama musical nacional, na mesma ordem, estamos a falar de uma das maiores promessas do rap feito em português, o grupo de rap de maior relevo a nível nacional e do local de onde tudo começou, a Linha de Sintra (zona da Grande Lisboa, Portugal, onde todos os integrantes do grupo Força Suprema cresceram). 

Prodígio, Osvaldo Moniz de nome de baptismo, é indiscutivelmente o “número dois” da Força Suprema. Pela popularidade que conquistou junto do público e pelo inegável talento para rimar e reproduzir os seus devaneios em música.
 
“Sou abençoado”
 
Sem pestanejar, garante que é um homem feliz. Emigrou sem os pais por duas vezes, nas ruas aprendeu o que devia e o que não devia mas sente-se agradecido pela vida que leva. “Não sei como é que um gajo não foi parar a uma cela. Consegui estudar, frequentar um curso (Multimédia) e ter um filho. Abençoado. Sou abençoado.”
 
Aos dez anos, Prodígio era uma criança com uma saúde debilitada e com a atenuante da guerra que devastava o país na altura,  os pais concluíram que A única saída seria emigrar para Portugal. “Na altura havia uma festa na escola que ia acontecer antes de eu viajar e eu queria muito poder ir à festa. Sempre fui um puto extrovertido e já tinha uma lista de miúdas que eu queria conquistar na festa. Pedi à minha mãe para ficar, mas ela disse-me que tinha que ir gostasse ou não da ideia. Na altura ainda estava averbado no passaporte dela. Entrei no quarto peguei no passaporte e rasguei aos bocados enquanto pensava: Agora vais ver quem manda. É claro que não serviu de nada. No meu primeiro passaporte tenho uma fotografia com a cara toda inflamada da porrada que levei.”
“Dava beijinhos na cara a todos menos a mim”
 
Chegou a Portugal na Primavera, o que ajudou na integração. Tudo era novo e diferente e os miúdos adaptam-se facilmente. A única dificuldade de que se recorda são atitudes. Atitudes de crianças que descriminam a diferença sem entenderem a igualdade. “Havia uma colega que dava beijinhos na cara a todos menos a mim”. Nas aulas de educação física formava sempre par com a professora. “Eles escolhiam-se entre eles para formar equipas. Para eu não ficar triste, a professora dizia sempre “Osvaldo, vem. Eu fico contigo”, revela.
 
Uns anos mais tarde, encontrou-se com uma dessas colegas num jantar de grupo. A miúda que outrora se recusava a cumprimentá-lo, naquele dia tremia de nervosismo por ter à sua frente um dos seus ídolos. Prodígio deu-lhe um autografo e abraçou-a. Não foi um abraço qualquer. Foi um abraço que, por momentos, o levou à infância e fê-lo regressar com a sensação de que a  vida tinha passado de um rés do chão para uma penthouse.
 
“Não há ninguém que me faça sentir como o meu pai faz”
 
A vida de Osvaldo não gira em torno das dificuldades que já teve de enfrentar. Hoje, tem 27 anos, é um rapper de sucesso a nível dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e é pai.
 
Na sua forma descontraída de levar a vida, tenta passar ao filho Bruno a mesma educação que lhe foi transmitida pelo pai, Domingos Moniz. Sempre na base da amizade, ornamentada por uma boa dose de conversa e compreensão. “Acho que em toda a minha vida ouvi o meu pai chateado duas vezes. “Uma porque a minha mãe bateu-me e a outra porque a minha tia bateu-me”, disse. São os melhores amigos um do outro. “Ele sempre quis que eu escolhesse o meu caminho e fizesse o que eu achasse por bem. Dizia-me: ‘Se é isso que queres, faz. Se não é isso que queres, não faças.’ Não há ninguém que me faça sentir como o meu pai faz. Tenho uma grande admiração por ele.”
 
Mas o senhor Moniz nem precisaria de dizer que essa admiração é reciproca. É visível o orgulho com que o progenitor olha para o seu filho prodígio. O filho que multidões acolhem a cada chegada ao aeroporto 4 de Fevereiro. O filho causador dos aglomerados de pessoas que fazem fila de espera à porta de casa para cumprimentar o pai do membro da Força Suprema.
 
Prodígio preferia que não chateassem o pai, “Mas o senhor Moniz é ‘aparecedor’. Gosta”, brinca o rapper. “Portanto, faço questão de o levar comigo quando tenho algum trabalho importante. Como o show da Cidadela. Gosto de me certificar que ele está lá” para assistir no camarote ao sucesso que o filho trilhou à custa do seu talento.
Fotografia: Lucioval Gama | Capa: Décio Pegado | Entrevista: Vanessa Sanches
 

Entrevista realizada nas instalações da Portofino, Talatona, e com o apoio da Robert Hudson – Ford Mustang.

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