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SaMaNe quer analisar violência obstétrica contra mulheres negras em Portugal

Gravidez, parto | Mustafa Omar
Gravidez, parto | Mustafa Omar

A violência obstétrica é um assunto cada vez mais presente no debate social e cujo desconhecimento e/ou desconsideração, por um número significativo de mulheres e profissionais de saúde, é um perigoso perpetuador da prática que, além de poder originar distúrbios mentais, pode causar situações clínicas graves, incluindo a morte.

Apesar de cada vez mais falada, não há dados suficientes sobre a problemática e muito menos sobre a comunidade negra em especifico, que permitam esclarecer a existência de um princípio de causalidade racial. Para colmatar essa lacuna, nasceu assim o coletivo Saúde das Mães Negras (SaMaNe), composto por cinco mulheres oriundas de três geografias diferentes: Portugal, Brasil e Angola.

Carolina Coimbra é doula [mulher que aconselha, acompanha e dá assistência não clínica a mulheres grávidas, antes, durante e após o parto], ativista e membro da Associação Portuguesa pelos Direitos das Mulheres na Gravidez e Parto; Isis Calado é estudante de medicina na University College of London; Laura Brito está a fazer um doutoramento no programa de Pós-Colonialismos e Cidadania Global na Faculdade de Economia/CES da Universidade de Coimbra; Karla Costa é também doula e estudante de doutoramento em Saúde Pública na Fiocruz – Brasil e Rita Nunes Correia, além de doula, presta apoio na amamentação e é estudante de enfermagem da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa.

“Fomos unidas pelo desejo de contribuir para a transformação da realidade do racismo estrutural e social vivenciado pelas mães negras em Portugal, especialmente no que tange ao período da gestação, parto e pós-parto imediato. Consideramos que um dos aspetos que reitera a reprodução do racismo é a quantidade incipiente de informações sobre o público em questão nessas fases da vida, uma vez que a falta de dados contribui para a invisibilização e silenciamento de um possível cenário de violência obstétrica nas mulheres negras em Portugal”, explica-nos a SaMaNe.

O objetivo principal é “trazer para a frente do debate pela humanização do parto, a forma como as mães negras e afrodescendentes têm experienciado as fases de gravidez, parto e pós-parto em Portugal, uma vez que diversos estudos, em outros países, já trazem um exacerbamento da violência obstétrica nessas mães em detrimento das experiências das brancas”.

Assim, o coletivo lançou no último dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, um inquérito que pretende analisar e entender as diferentes experiências de gravidez, parto e pós parto de mulheres negras e afrodescendentes em Portugal.

Os dados gerados, à priori, serão utilizados com três principais objetivos: gerar dados que permitam entender como as mulheres negras e afrodescendentes são atendidas nos cuidados de saúde maternos para com isso agir diante da situação encontrada; sensibilizar para a variedade de experiências de gravidez e parto que são também moldadas pela raça e pela classe e, por fim, contribuir na circulação de informações sobre os direitos na gravidez, parto e pós-parto a todas as mães, sem distinção de raça, classe, género e sexualidade, subsidiando a autonomia e reivindicação da justiça reprodutiva.

“Em Portugal, pouco ou nada se sabe sobre estas realidades. É urgente dar voz a esta causa e lutar pelos Direitos na Gravidez, Parto e Pós-parto” sublinha o coletivo à BANTUMEN.

Para participar no estudo, basta clicar no link forms.gle/QehyH8mewBjaEGfa8.

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