No mês de dezembro, realizou-se a 15ª edição da Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, em Macau, momento em que foi apresentada a exposição fotográfica Mosaicos Sino-Lusófonos. O acervo reuniu 26 obras de nove fotógrafos oriundos de oito nações lusófonas, destacando-se entre eles Samba Muhamad Baldé, videnciando a Guiné-Bissau e laureado em três categorias distintas: Pessoas, Espaços, Na Cultura e Celebrações. A mostra esteve patente de 5 a 31 de dezembro de 2023, e a BANTUMEN entrevistou o promissor fotógrafo sobre a sua carreira.
Além de ser um fotógrafo exímio, Samba é também um jornalista documental da Guiné-Bissau que, através do seu olhar fotográfico, capta e partilha instantes memoráveis. Desde cedo, a fotografia fascinou-o, vendo-a como uma arte a ser partilhada. Com esse propósito, esforça-se por imortalizar momentos, liberando emoções e expressando sentimentos únicos. “O que mais me encanta na fotografia é a capacidade de imortalizar instantes”, revela.
Durante a entrevista, o cofundador do Baloba Studio partilhou a sua trajetória e os desafios de ser fotógrafo num contexto onde o valor artístico da fotografia é muitas vezes desconhecido. Considerado um dos mais destacados fotógrafos da Guiné-Bissau, Samba valoriza o reconhecimento do seu trabalho, um anseio que se materializou especialmente após a sua participação na MoAc Biss 2023, a primeira residência artística organizada por Miguel de Barros, com curadoria de Nú Barreto, marcando também a sua primeira exposição fotográfica individual.
“Fotografar na Guiné-Bissau apresenta os seus desafios, especialmente pela perceção sensível que muitos têm desta arte. É essencial sensibilizar e explicar o propósito da nossa fotografia”, afirma Samba. O fotógrafo aspira a captar momentos únicos que comuniquem emoções profundas, encarando a arte não como uma prática egoísta, mas como um ato de partilha e empatia.
Enquanto criador visual da Fairpicture global, Samba critica a tendência de confundir fotógrafos artísticos com fotógrafos convencionais, defendendo uma visão da fotografia como uma forma de arte que permite encontrar-se e expressar sentimentos. “Um verdadeiro artista fotográfico capta não apenas a imagem, mas a essência do momento, diferenciando-se pela atenção ao detalhe, iluminação, contraste e outros elementos que elevam a qualidade de uma fotografia”, explica.
Ao longo da sua carreira, Samba realizou diversos trabalhos significativos, destacando-se colaborações como fotojornalista para a AFP (Agence France-Presse), onde as suas imagens visam comunicar histórias impactantes.
Nascido em 1994 em Bengazi, Líbia, filho de pai guineense, Samba Baldé estudou Artes Visuais em Lisboa. Iniciou a sua carreira fotográfica em 2005, acumulando experiência e reconhecimento ao longo dos anos, inclusive com uma residência artística na Catchupa Factory em Cabo Verde, Mindelo, em 2021, e prémios em concursos de fotografia, como o 35photo contest em 2022.
