Na última sexta-feira, Santana tornou-se no segundo filme PALOP, em geral, e o primeiro angolano, em particular, a estar presente na “prateleira” da Netflix.
Maradona Dias dos Santos e Chris Roland, o filme baseia-se em factos reais e retrata a história de dois irmãos em busca de vingança pelo assassinato dos pais. A produção ficou a cargo de Paulo Americano, Raul Rosário e Rapulana Seiphemo.
A expectativa do público era palpável, considerando que a película foi dos assuntos mais mencionados nas redes sociais no dia da estreia, o que acabou por se traduzir na classificação do filme como o mais popular a nível mundial, nesta segunda-feira, de acordo com o ranking Flix Patrol.
Entre comentários mais técnicos, curtos e objetivos e até mesmo engraçados, cada um decidiu usar os seus respetivos perfis das redes sociais para expressar tudo e mais alguma coisa sobre Santana.
“Estão a criticar Santana, o primeiro filme angolano da Netflix, por ser em idioma inglês, mas percebam uma coisa, a produção, o casting e os locais de gravações não são só de Angola e, além disso, é uma ótima estratégia de marketing. Não é como se o português fosse língua de peso”, disse um utilizador do Twitter.
Estão a criticar Santana, o primeiro filme angolano da Netflix, por ser em idioma inglês, mas percebem uma coisa, a produção, o casting e os locais de gravações não são só de Angola e, além disso, é uma ótima estratégia de marketing. Não é como se o português fosse língua de peso
— Wut the fvck bro 🇦🇴 (@AWachilala) August 28, 2020
Eu vi Santana, fiquei contente pelo facto de termos um filme na Netflix. Isso é um grande feito para nossa indústria. Talvez por ter uma grande expectativa à volta dele muita gente não tenha achado o que esperaria. Mas para um primeiro filme é um filme razoável. Não acho mau.
— Prata (@OPrata95) August 28, 2020
Dorivaldo Fernandes Cortez, realizador do aclamado filme Falso Perfil, com Sílvio Nascimento no papel principal, usou a sua conta de Facebook para fazer uma análise. “Pelo primeiro contacto convence pela positiva, porque comparando com as super produções feitas por Hollywood e não só, coloca-nos num nível aceitável. Claro que teve os seus pontos negativos, como todo e qualquer filme tem”, escreveu.
Dorivaldo também exaltou o facto de ser uma história de Angola e de ter sido gravada com atores angolanos. Indo mais a fundo, Dorivaldo sobre a importância que a indústria cinematográfica nacional deveria ter para o Estado angolano. “A Netflix vai ganhar com o filme, a produtora sul-africana vai ganhar com o filme, o Maradona vai ganhar com o filme, os atores poderão ganhar projeção, mas o Estado angolano não vai ganhar nada pois a receita dos impostos não entrarão para o nosso país… Agora temos que pensar, se com apenas um filme estamos a perder esse dinheiro, imaginemos se 10 ou 20 filmes angolanos conseguem entrar para a Netflix pelo mesmo mecanismo que entrou SANTANA?! É para refletirmos todos. Desde já, está de parabéns a equipa técnica pelo feito. Os erros são para serem melhorados nos próximos trabalhos”.
Por sua vez, Tiago Costa preferiu dar a sua opinião com uma pontada de escárnio, não fosse ele humorista e um dos mais críticos do “sistema” a nível nacional. “Quase que Dias Santana… é uma versão alargada de um video clip do @cage_onne e o @mr_jd14, não soubesse eu que não foi o Empresário da Juventude que assumiu esse movie mas antes… a @vistaalegreofficial a contar com a quantidade de louça partida”, escreveu na sua conta de Instagram.
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Sob uma perspetiva mais profissional, Dércio Tomás Ferreira, realizador e produtor, falou por exemplo da qualidade sonora do filme. “Muito mau. Não só a nível de captação mas de finalização também. A decisão dos realizadores em enfatizarem as musicas do background a cima de um diálogo que está mau, foi algo que não consegui perceber. Portanto, independentemente do budget que havia, que pode ter limitado a qualidade da captação do diálogo, a decisão final foi má. Som é 50% de um filme.”
A co-produção angolana “Dias Santana”, de Maradona Dias dos Santos e Chris Roland, teve estreia marcada dia 28 de Agosto na Netflix, com o título “Santana”. O filme é uma co-produção entre Angola e a África do Sul, que conta no elenco, entre outros, com os actores angolanos Paulo Americano, Neide Van-Dúnem e Raul Rosário, o nigeriano Hakeem Kae-Kazim e a sul-africana Jenna Upton.