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Raízes Africanas: Sengbe Pieh, o escravo que lutou para voltar para casa

Sengbe Pieh

Sengbe Pieh, um agricultor e comerciante da Serra Leoa, foi capturado para ser vendido como escravo em 1839. Durante a viagem para o chamado “Mundo Novo”, Sengbe Pieh liderou um motim a bordo do navio “La Amistad”.

Mas um grupo anti-escravatura, que mais tarde passou a ser conhecido como “Comité Amistad”, conseguiu defender os seus casos e Pieh e os seus companheiros foram libertados. O Comité conseguiu ainda angariar dinheiro suficiente para a viagem de regresso a casa destes africanos, que aconteceu em janeiro de 1842. Com eles viajaram também alguns missionários dos Estados Unidos.

Sengbe Pieh foi levado da Serra Leoa para ser vendido num leilão de escravos em Havana, Cuba

O que tem esta história a ver com o fim da escravatura nos Estados Unidos?

A história de Sengbe Pieh inspirou fortemente o movimento abolicionista que fez campanha pelo fim da escravatura nos Estados Unidos da América. Nenhum livro de história sobre a escravatura nos Estados Unidos está completo se não falar de Sengbe Pieh. A sua história é ensinada em algumas universidades e alguns Estados norte-americanos têm estátuas em sua homenagem. Hollywood, por exemplo, produziu um filme baseado na história de vida de Pieh.

Faleceu: em 1879. Mas muito pouco se sabe sobre o que aconteceu e se estaria junto da sua família. Acredita-se que Sengbe Pieh foi enterrado num santuário em Bonthe. Ele era membro da sociedade Poro, uma sociedade tradicional secreta e, como tal, o seu túmulo só pode ser acedido pelos membros desta mesma sociedade. Por isso, o Ministério do Turismo está a planear exumar e voltar a enterrar os restos mortais de Sengbe Pieh noutro local, para que o público possa ter acesso à sepultura.

Reconhecido por: acreditar que todos os homens são iguais, independentemente da raça ou da cor. Lutou pela sua liberdade e pela liberdade dos outros.

Legado: O rosto de Sengbe Pieh é um dos que consta nas notas da Serra Leoa. Recentemente, também uma ponte na capital Freetown recebeu o seu nome. É fácil encontrar retratos seus nas ruas da capital da Serra Leoa.

Pieh ficou conhecido por ter protagonizado a revolta no navio “Amistad”

Em entrevista à DW África, Joe A.D. Alie, historiador da Universidade da Serra Leoa, lembra que o ato de bravura de Sengbe Pieh é anterior aos debates sobre a Carta dos Direitos Humanos ou às Nações Unidas. “Sengbe Pieh e os seus companheiros começaram isto há muito, muito tempo. Muito antes das pessoas começarem a falar de direitos humanos, dos males da escravatura e do direito à auto-emancipação. Este é um dos seus legados mais importantes”, explica.

Segundo os quadros ainda existentes, Pieh era um homem alto, bonito e bem constituído. Tinha, portanto, o físico procurado pelos donos de escravos. Mas quis o destino que ele nunca chegasse a pôr um pé numa plantação como escravo.

Pieh morreu em 1879 e, apesar do seu impacto histórico e do seu legado, o lugar de descanso de Pieh ainda é motivo de controvérsia, pois não é possível visitar a sua sepultura. Segundo o historiador Joe Alie, “acredita-se que ele tenha sido enterrado na mata de Poro, em Bonthe, um lugar isolado. Foram feitos alguns esforços para localizar o local exato onde foi sepultado.”

No entanto, o presidente da câmara de Bonthe, Layemi Joe Sandi, diz que o governo está agora a tentar valorizar a sua memória como um meio de contar a história da escravatura.”Estamos a planear, em conjunto com o Ministério do Turismo, ter um retrato de Sengbe Pieh em Bonthe.”

O legado de Sengbe Pieh continua presente. Na escola, as crianças aprendem sobre quem foi este serra leonês, cujo retrato consta numa das notas do país. Recentemente, uma ponte na capital Freetown foi baptizada com o seu nome.

O projeto “Raízes Africanas” é financiado pela Fundação Gerda Henkel.

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