LordCK é o nome do artista que queremos apresentar-te hoje. Dedicado ao rap, Carlos Kiala é LordCK no mundo do hip-hop, um senhor que quer levar avante a sua arte com todo o equilíbrio entre conhecimento das ruas e educação caseira.
Em conversa com a BANTUMEN, o angolano explicou-nos como começou a dar os primeiros passos dentro desta arte universal que é a música e falou sobre os seus próximos projetos, com foco na nova mixtape Depois da Tempestade.
Com o EP Die Trying e a mixtape Lágrimas e Sacrifícios já na carteira, LordCK trabalhou nos últimos dois anos “rodeado das pessoas certas”, que ajudaram a propulsar o seu nome no meio do movimento em Angola. “Essas pessoas ajudaram-me a crescer profissionalmente nesses dois anos e acredito que só falta melhorar alguns detalhes para a música chegar a mais pessoas e o público perceber o que eu faço”, disse LordCK.
Atualmente, o artista está focado na mixtape Depois da Tempestade, que vai apresentar-se com “oito camadas recheadas de habilidades, sentimentos e pensamentos em forma de música”, explicou CK. A inspiração por trás deste novo trabalho é um nome sobejamente conhecido do grande público, Força Suprema. Sobretudo NGA, a maior referência de CK no mundo do rap.
Com quatro a cinco vídeos já em fila de espera para produção, “estamos a trabalhar no storyboard das cenas para deixarmos [as musicais] mais reais o possível”, disse-nos.
A nível musical, Lord está a trabalhar com os produtores Iuri Policarpo, Erickson Miala, Fofa Beats, Dj Huba e na parte vocal, Erick Oliveira, Sidjay e Mary J são alguns dos nomes escolhidos para integrar a mixtape. Estas participações foram essencialmente escolhidas por serem pessoas que já acompanham o trabalho do rapper e que têm contribuído para a sua ascensão.
Nascido em Luanda e com uma parte da infância vivida primeiro no bairro do Prenda e depois nos Ex-Combatentes, CK passou também uma parte da sua adolescência na casa da mulher a quem chama segunda mãe, a sua madrinha Ita.
LordCK caiu no meio da música quando ainda estava a frequentar o ensino médio (preparatório). Quem o “empurrou” foi o irmão mais velho, Sérgio, que apresentou-o a músicas que acabaram por motivá-lo a libertar-se do armário que escondia a sua persona artística. “O Sérgio motivou-me a fazer alguns improvisos e apresentou-me as músicas de alguns rappers angolanos”, disse CK. Foi com NGA, mais propriamente com a música “Uma estrela no bairro, um anjo no céu”, que se deu o “clique”, sobretudo por ser uma composição que refletia o que CK estava a passar na altura.
Entretanto, começaram a surgir as batalhas de freestyle nas ruas de Luanda, nas quais participou com o apoio do seu grupo na altura, os Sem Limite Music. Essas rodas de improviso “motivaram-me mais a praticar as minhas barras no e fui aperfeiçoando a minha métrica e rimas”.
Sobre a Sem Limites Music, CK contou-nos que o grupo surgiu da junção entre amigos, que na primeira leva eram Lúrio, Prince Eldjim, Ivandro IG, Las Vegas e Eric Oliveira, que conviviam e estudavam na mesma zona e que “batalhavam” noutras ruas de Luanda. Na segunda leva entraram novos membros, Leonel Tremain, David e Lia Vasques, Yara Cruz, Lizenour, Kevin Nunes e Flow Weezy, que participaram na primeira mixtape do grupo.
“Como alguns já faziam freestyle, decidimos criar uma família. Na época, escolhemos esse nome porque queríamos algo que nos identificasse, e nessa altura fumávamos muito SL, uma marca de cigarros angolana, e então decidimos colocar ‘Sem Limites Music’ como nome do grupo. A maioria residia na Maianga, que passou a ser a base da SLM”, explicou LordCK.
Contudo, o artista agora “corre” sozinho. “Desde que entrei para o mundo do rap já sabia que levaria isso para vida toda, então sempre quis fazer as coisas na hora e dentro de um grupo é complicado porque nem todos sonham com a mesma intensidade. Mesmo assim, o artista diz contar com o apoio de todos.
Além de querer “despertar mentes”, a mensagem que quer passar para o público é simples: motivação através das suas próprias experiências e vivências pessoais. “A música tem esse poder que é sentires que o artista entende as tuas dores. Então, em quase todos os meus versos falo sobre situações que passei e que consegui superar e mesmo as que não consegui”, disse.
Exemplo disso são as músicas “‘Como é que vão explicar’ e ‘Saudades’, em que conto como o meu pai foi assassinado e como isso mudou o meu comportamento e as minhas atitudes, tendo em conta que foi a primeira vez que expliquei ao mundo o porquê de ser tão fechado para certos assuntos e algumas frustrações”, desabafou.
Sobre os seus passos futuros em direção ao sucesso, LordCK promete trabalhar afincadamente para atingir todos os seus objetivos. Quer ter views mas tem a plena noção que não é o suficiente para conquistar o público. A materialização do sucesso há-de acontecer quando “conseguir conquistar o coração dos fãs e arrastar multidões” em cada uma das suas apresentações físicas.
