Alice Marcelino, artista visual nascida em Angola e a viver entre Londres e Lisboa, inaugurou este sábado a sua primeira exposição a solo em território português. Kitoko – Histórias da Diáspora Negra é um acervo fotográfico constituído ao longo da última década e que está patente até ao dia 5 de março na Galeria Municipal de Almada, no distrito de Setúbal.
Kitoko significa bonito em Lingala e, para representar as origens congolesas da família materna, o título surge como “uma ode à minha mãe que também está representada na exposição”, diz-nos a artista.
Para Alice Marcelino a vertente artística “não esta dissociada das questões sociais. Elas complementam-se.” Além de expor o seu trabalho de vários anos, Alice quis criar um espaço de representação da vida e experiência negra, porque a experiência negra na diáspora é única e diferente daquela que um cidadão negro vive num país africano. Na diáspora, ser negro é ser estrangeiro eternamente, num país onde nasceu, ser o suspeito do costume, nunca pertencer realmente mas ao mesmo tempo contribuir tanto para a construção de uma nação. Somos criadores contínuos de cultura”, afirma a artista.
Kitoko – Histórias da Diáspora Negra é um conjunto de fotografias provenientes de vários projetos desenvolvidos ao longo dos últimos dez anos, lançando um olhar sobre a cultura negra, as suas comunidades e os indivíduos que informam a experiência negra na diáspora, entre o Reino Unido e Portugal.
Nascida em 1980, em Luanda, Alice divide a sua vida profissional entre Londres e Lisboa. É formada em Fotografia pela Universidade de Est London e está a frequentar um mestrado em Media Digitais na Universidade Goldsmiths, também na capital inglesa.
No seu trabalho, explora sobretudo a cultura, tradição, migração e identidade refletindo os seus significados neste nosso mundo global em constante mudança.
Inaugurada em 1988, a Galeria Municipal de Arte foi o primeiro espaço aberto pela Câmara Municipal de Almada vocacionado para a divulgação das Artes Plásticas. Desde então a Galeria tem vindo a organizar regularmente exposições nas áreas da pintura, escultura, desenho, gravura, fotografia, cerâmica e tapeçaria.