Francis Keré, natural do Burkina Faso a viver na Alemanha, é o vencedor do prémio Pritzker 2022, tornando-se no primeiro profissional africano a conquistar o mais importante galardão da arquitetura mundial.
É a consagração de uma incrível história de sucesso, que começou na pequena aldeia burquinabé de Gando, onde nasceu há 56 anos. Foi lá que realizou os seus primeiros projetos: uma escola – a primeira na aldeia –, depois uma moradia para professores, biblioteca, centro para mulheres, escola secundária, oficina de formação em técnicas de construção… a lista é extensa.
“Francis Kéré está a ser um pioneiro da arquitetura – sustentável para a terra e para os seus habitantes – em terrenos de extrema escassez. […] Através de edifícios que mostram a beleza, a modéstia, o arrojo e a invenção, e pela integridade da sua arquitetura e gesto, Kéré sustenta, com graciosidade, a missão deste prémio”, lê-se na nota do júri, divulgada em comunicado à imprensa.
O arquiteto, entre outros vários projetos a nível internacional, é o autor do design da escola Benga Riverside, em Moçambique, que inclui “paredes com padrões de pequenos vazios recorrentes, permitindo que a luz e a transparência evoquem sentimentos de confiança por parte dos estudantes”, escreveu a Euronews. Em 2019, passou por Portugal onde inaugurou uma exposição na Exponor, no norte do país. À margem do evento, o arquiteto recebeu o Prémio Aga Khan de Arquitetura em 2004.
Com base em Berlim, Kéré é fundador do escritório Kere Architecture e os seus projetos têm uma preocupação ambiental. “A arquitetura consome imensos recursos” e, por isso, “é importante pensar na sustentabilidade”, disse em 2019 à Lusa.
De recordar que Francis esteve também em Lisboa em 2021, para participar como orador na Web Summit, onde falou sobre a construção de um novo parlamento no Benin e como ele e sua equipa usam o conhecimento social, político e de construção de toda a África Ocidental para chegar a projetos sustentáveis, focados no propósito dos edifícios e nas pessoas que os utilizam.