Procurar
Close this search box.

Afronation é das pessoas e para as pessoas

50 Cent no Afronation / Foto: BANTUMEN
50 Cent no Afronation / Foto: BANTUMEN

Neste sábado, último dia do Afro Nation, em Portimão (Portugal), por volta da hora de almoço, no condomínio habitacional onde a equipa da BANTUMEN esteve hospedada e nas redondezas, ouviam-se risos altos, música a sair das colunas, viam-se grelhadores em brasa prontos para receber a carne do menu do dia e mulheres que se pintavam com as cores dos seus países ou arranjavam o cabelo à varanda enquanto dançavam. Era esse o espírito do Afro Nation, que começava em casa e continuava na Praia da Rocha, onde aconteceu o festival, de 28 a 30 de junho. 

À chegada ao recinto, normalizavam-se as rodas de dança comandadas ao som de apitos no ritmo de beats de afrobeat ou amapiano. No palco secundário, Piano People Stage, a festa foi contínua desde o dia um. Era ali o ponto de passagem para se dançar, mostrar toques de dança e as coreografias ensaiadas. A música predominante era amapiano e ninguém arredava pé até ao suor começar a escorrer pela cara ou algum cabeça de cartaz começar a cantar no palco principal. Até lá, nomes como Sky Tylala, Boohle, Young Stunna, iam fazendo a festa.

Nelson Freitas já havia começado a cantar no palco principal, conhecido como Mr. Magic ou G.O.AT. – do inglês e que significa o maior de todos os tempos – da Kizomba e da música lusófona. Claro que cantou os seus maiores hits, de álbuns como “Elevate” ou “Dpos D’Quarentena”. “Nós não conhecíamos este artista, mas ficamos rendidas pelo groove, pela música, pelo estilo e até pelas dançarinas. Eu acho que o Afronation é isto, descobrir artistas que não conheces”, ouvimos de uma das pessoas da plateia.

Chegou a vez de Sauti Sol entrar em palco e fazer a festa. O nome já é conhecido por muitos PALOP, desde a colaboração com o cantor angolano C4 Pedro, em 2017, na música “Love Again”.  

De volta ao palco secundário, Nicky Summers deixou as pessoas em êxtase com o chamado SA House (South African House Music). Com base em Londres, a DJ faz mixagens de várias músicas e sonoridades de diferentes países africanos, numa mistura única e com um resultado perfeito.

“Ramenez la coupe à la maison, allez les Bleues allez! Vingt ans après on est champions, allez les Bleus, allez!” (tragam a taça para casa, Bora Les Bleues”. Vinte anos depois somos campeões, bora Les Bleues, bora!), cantava Vegedream, de origem costa-marfinense e que vive em França. “Ramenez La Coupe à La Maison” é um dos seus maiores hits, com mais de 500 milhões de visualizações no YouTube, música lançada na altura em que França foi campeã do mundo, em 2018. Durante 40 minutos, o artista fez com que todos cantassem e dançassem com ele, com um cardápio musical variado. 

Fireboy subiu com calma no palco, mas rapidamente tomou conta dele. Andava por todos os lados, sempre a cantar e a interagir com o público. De seguida, veio Élie Yaffa, mais conhecido pelo seu nome artístico Booba, Saddam Hauts-de-Seine ou apenas B2O, rapper e produtor musical francês que, embora já cante desde os anos 90, em termos energéticos em nada deve aos newcommers. O artista fez uma viagem entre os seus sons mais clássicos até aos mais atuais. 

À primeira vista, desde que todo o cartaz do Afro Nation foi lançado, ter o rapper 50 Cent como um dos cabeça de cartaz do último dia, causava estranheza, e foi esse o tema de conversa até à atuação do artista norte-americano. “Mas o que ele tem a ver com o conceito do festival?”, “Será que vale mesmo a pena?”, foram as questões que mais ouvimos.

Aproximava-se a hora da sua atuação e os espaços que estavam vazios em frente ao palco principal foram rapidamente preenchidos, por um número elevado de pessoas. As luzes apagaram-se, no ecrã passavam imagens da trajetória do rapper, dos seus filmes e séries. E nas colunas, “This is 50 Cent” ouvimos (isto é 50 Cent). O gigante entrou em palco com “Magic Stick” acompanhado de dois elementos do seu grupo, G-Unit.

Pouco tempo houve para filmagens ou fotografias, todos queriam realmente sentir o concerto da melhor forma, sendo um dos rappers que criou bandas sonoras da adolescência de muita gente. Em palco, o rapper de Nova Iorque, mais concretamente de Queens, disse que sabe que é da velha guarda, que ninguém o preparou para isso, mas que continua forte e que se falarmos de hits, temos de falar de 50 Cent, que com 47 anos de idade e mais de 20 anos de carreira, atua com a mesma vontade de quando começou.

Cantou “Many Men”, “Window Shopper”, “In da Club”, “21 Questions”, “Hate it or Love it”, “Hustler’s Ambition”, “Best Friend”, entre outras músicas. O concerto foi marcado pela banda que levou consigo para o espetáculo, pela interação com o público, pelas músicas e pela pirotecnia utilizada durante todo o concerto que demorou praticamente duas horas. 50 teve tempo de mudar de roupa, voltar e cantar mais umas quantas músicas antes de terminar. Se mais tempo houvesse, todos agradeceriam. 

Terminada a atuação, fomos a correr para palco secundário para ver Uncle Waffles, DJ e produtora conhecida como a princesa do amapiano, que não se limita apenas a tocar, também dança, durante toda a sua performance. Autora do hit “Yahyuppiyah”, é das maiores responsáveis por popularizar e levar o género amapiano da África do Sul além fronteiras. 

Eram 23h30 quando Davido subiu para o palco principal. Em rumaria concertada, todos se dirigiram para lá. Vestido de vermelho e branco, o nigeriano também fez uma viagem entre as músicas mais antigas e as atuais e teve tempo de chamar ao palco o artista Focalistic, para juntos cantarem “Champion Sound”. De seguida, cantou “Feel” e “Unavailable”, uma das músicas mais esperadas da noite, e que é provavelmente um dos hinos deste verão de 2023. Mal começou a música, todos faziam a coreografia que lhe é conhecida e foi a melhor forma de terminar este concerto. 

Se nos pedissem para descrever o que foi o Afro Nation, diríamos que foi das pessoas. A união e confraternização das pessoas oriundas ou descendentes de vários países africanos num só sítio, foi o ponto mais alto do festival. 

De recordar que, de acordo com a autarquia de Portimão, que cita estudos certificados, em 2022 o festival Afro Nation teve um impacto direto de 114 milhões de euros, registando uma afluência de 40 mil pessoas, oriundas de mais de 40 países.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

Recomendações

Procurar
Close this search box.

OUTROS

Um espaço plural, onde experimentamos o  potencial da angolanidade.

Toda a actualidade sobre Comunicação, Publicidade, Empreendedorismo e o Impacto das marcas da Lusofonia.

MAIS POPULARES