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Jovens meninas lideram movimento revolucionário nas periferias de Maputo

Em 2019, quando a COVID-19 eclodiu em Moçambique, um grupo de adolescentes raparigas decidiu criar um grupo no WhatsApp para partilharem suas dúvidas sobre saúde e sexualidade. Após a pandemia ser controlada, esse grupo se fortaleceu e, através da Associação Sócio-Cultural Horizonte Azul (ASCHA), criou o Movimento Meninas Jovens e Revolucionarias (ELAT), que tem atuado institucionalmente desde 2020, reunindo meninas com idades entre os 13 e os 24 anos.

Conscientes dos desafios que enfrentam e acreditando na mudança, o Movimento Revolucionário, como é conhecido, decidiu incluir rapazes da mesma faixa etária. Juntos, desenvolvem atividades nas escolas e realizam palestras para conscientização sobre os direitos sexuais e reprodutivos, introdução ao feminismo e participação ativa na vida social e cívica do país.

Assa Matusse

Corajosas e dedicadas, as jovens seguem firmes, conscientes de que podem tornar o mundo num lugar seguro para as meninas que vivem nas periferias, onde muitas vezes enfrentam dificuldades para ter acesso à educação, emprego, saúde e direitos em geral. Utilizando o poder da arte, seja por meio de palavras poéticas, batuques ou cantos, as jovens procuram influenciar e mudar concepções e perspetivas.

Denise Fazendo, poetiza e coordenadora do movimento, explica que o grupo de WhatsApp continua operacional e é também uma ferramenta de segurança “Normalmente, ligamos umas para as outras por chamadas no WhatsApp, e a chamada só termina quando todas chegamos em segurança em nossas casas. Durante a chamada, devemos informar onde estamos, se há ou não sinais de perigo, se há pessoas por perto ou não. A nossa maior dificuldade é com as meninas artistas que trabalham até tarde da noite e, às vezes, não têm como chegar a casa porque o acesso passa por becos ou ruas estreitas e sem iluminação.”

Através da Lissangu, Assa Matusse visitou a ASCHA e teve a oportunidade de conversar com as “meninas do bairro”. Durante a visita, a artista explicou como as vivências do bairro se tornaram oportunidades para ela e ofereceu-se para acompanhar e apoiar o trabalho realizado pelo movimento.

Para Dalila Macuácua, diretora da ASCHA, “este grupo de meninas é verdadeiramente liderado por elas, tem o nosso apoio, mas são elas que encontram soluções conjuntas para a mobilidade nos espaços suburbanos e lutam pelos direitos das raparigas. Receber no nosso espaço uma artista que superou todos os desafios e, em suas letras, traz mensagens fortes sobre o quotidiano de quem vive nos espaços suburbanos, periurbanos e periferias em geral, foi uma oportunidade para reforçar a luta dessas meninas, a maioria das quais deseja tornar-se artista”.

“O nosso movimento é muito forte, queremos ir além. Queremos nos tornar mulheres do futuro e fazer mudanças em nosso país”, conclui Denise Fazenda, um dos membros da organização.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

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