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Nação Crioula no Jardim de verão? Deu certo e é para repetir

Dino D’Santiago
DR

Ao longo das últimas semanas foram vários os artistas dos PALOP que se juntaram à programação de mais de 30 showcases e DJ sets em palcos diferentes, numa iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian que conta com a curadoria de Dino D’Santiago.

O projeto Jardins de Verão já existia, mas este ano foi-lhe dado um cunho diferente do habitual, numa versão segundo Dino “não tão erudita”, mas que, ainda assim, tem dado que falar. A BANTUMEN entrevistou recentemente o intérprete de Badiu, que explicou-nos as motivações, reações e expectativas em relação àquele que considera um dos trabalhos mais interessantes e intensos que desenvolveu.

O convite, conta-nos Dino D’Santiago, partiu de António Pinto Ribeiro, curador da exposição Europa Oxalá e autor do livro Novo Mundo – obra cujo título é inspirado no álbum Mundo Nobu de Dino. Apesar de sentir-se honrado com o convite, o intérprete de “Krioulu” achou que esta iniciativa tinha que ser “algo maior que o Dino D’Santiago” e é aí que surge a integração do Projeto Lisboa Crioula.

Dino é peremptório ao afirmar que a iniciativa é mais de que uma ação bombing, não se tratando apenas de mostrar a cultura africana do ponto de vista musical, mas sim de levar à Gulbenkian quem inspira esses artistas. E há coisa melhor para um artista do que cantar para a sua gente? D’Santiago assume que levar “corpos negros” à Gulbenkian é também permitir que os artistas se conectem e partilhem a sua arte com a sua gente, algo que não costuma acontecer. “Na maior parte das vezes o que acontece é que os artistas entram nesses sítios, mas não é a nossa gente que está a ver”, reitera.

O envolvimento da comunidade foi gradual, mas certeiro. Dino conta-nos que ver a nos Jardins da Gulbenkian “90% de corpos negros” são imagens que o emocionam e fazem chorar. O artista não pode estar presente por estar em concerto, mas ainda assim não se coibiu de partilhar e mostrar o seu orgulho num projeto que confirma a certeza de “saber que é possível”.

Manecas Costa, Minda Guevara, Buruntuma e Kady foram alguns dos artistas que passaram pelo stage da Gulbenkian e partilharam com o público aquilo que têm de melhor: a sua arte, num trabalho que, segundo Dino, foi feito com “muita dignidade” e que reflete a importância de não nivelar por baixo. É importante que os “nossos” artistas reconheçam a qualidade do seu trabalho e que lhes seja dado o devido valor. O autor de Mundo Nôbu não tem dúvidas de que foi isso que aconteceu. 

E se dúvidas houvesse do sucesso que têm sido as últimas semanas, fica a certeza de que a ideia veio para ficar, com a organização a mostrar interesse em investir numa 2.ª edição. Para Dino D’Santiago é importante que usemos as plataformas ou meios que temos à disposição e levemos “os nossos lá para dentro” sem medos, sendo “nós próprios” os agentes da mudança que queremos ver na sociedade.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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