Procurar
Close this search box.

Da traquinice à autenticidade: a história de El Amukinado no rap

El Amukinado
El Amukinado | DR

Numa conversa franca e direta, o rapper El Amukinado, cujo nome de registo é Amunike Salvador, revelou detalhes sobre o início da sua carreira, influências musicais e o significado por trás do seu nome artístico. O jovem músico luso-angolano abordou a sua jornada desde Luanda até Portugal, como a música entrou na sua vida e como enfrentou os desafios da adolescência através da sua paixão pela música.

O nome artístico “El Amukinado” foi-lhe dado pelas monitoras do ATL (atelier de tempos livres), porque Amuki era uma criança traquina. O diminutivo Amuki acabou por surgir através dos seus amigos. A influência das suas origens desempenha um papel importante na sua música, ao incorporar elementos da música angolana e abordar temas ligados à sua herança cultural.

A música entrou na vida de Amuki quando este se apaixonou pela música norte-americana, particularmente pela artista Nicki Minaj e pelo rapper Wiz Khalifa. Essas influências levaram-no a começar a escrever as suas próprias músicas, emulando o estilo de artistas como Pródigo e Jimmy P. “Parecia que eles estavam a contar a minha história nas músicas deles. Desde cedo queria ser como eles e, no início da minha carreira, as pessoas diziam mesmo que eu estava a ficar parecido com eles na maneira de cantar. Naquela altura, era como se eles fossem os meus pais. Passava a vida a ouvi-los, toda a Força Suprema e ao boy da Family First [Jimmy P], e uma coisa que ambos tinham eram bons refrões que ficavam na cabeça. Então foi uma das coisas que puxei deles sempre, fazer refrões muito bons. Eles foram mesmo tudo o que sou hoje, até na maneira de vestir, de falar… Eu ‘roubava’ comportamentos do Prodígio nas ruas e ao mesmo tempo do Jimmy, na boa comunicação com os mais velhos, na maneira de vestir, até nas rastas”, confessou-nos Amukinado.

Amuki não esconde os desafios que enfrentou na adolescência e como a música foi uma forma de superá-los. Ele escreveu sobre a sua vida e experiências, mas depois explorou outros horizontes para aprimorar as suas letras e estilo musical, utilizando a música como uma forma de expressão e superação pessoal.

Uma das características marcantes do seu trabalho é a colaboração com outros artistas. “As minhas colaborações são mais à base dos meus bros, pois eles tem o mesmo feeling e a mesma vibe do que eu. Para já não procuro suporte de nenhum artista grande, quero emergir no mercado a solo. Realmente acredito no talento de alguns dos meus bros com quem já fiz feat“, explicou.

Amuki também abordou os seus projetos futuros, incluindo o lançamento do EP The Time Wizard, que explora conceitos intrigantes sobre o tempo e incorpora elementos sonoros variados, e revelou que já está a trabalhar num próximo projeto intitulado “Coração de Gelo”.

Em The Time Wizard, o artista colaborou com o guitarrista português Frankieontheguitar no single “Cobras & Lagartos”. “Não vou mentir, já acompanhava o Frankie desde os tempos em que ele estava sempre com o Toy Toy T-Rex. Sou da altura em que era o único da minha escola, em 2014, que ouvir T-Rex e as pessoas riam e perguntavam ‘quem é esse?’. Diziam que eu só ouvia shit. Hoje em dia, as pessoas ja não me julgam porque a febre e tendência é ele. O T-Rex fez me apaixonar-me pela guitarra nas músicas dele com a colaboração do Frankie. Então eu também queria uma coisa dessas. Apanhei ainda o Frankie em 2018, falei com ele mandei, o que queria, um toque agressivo como no “We Will Rock” do T-Rex. Ele aceitou e mandou os samples. Fiquei muito feliz porque ele deu-me o que mais queria, logo, fui no estúdio com o Pablo que fez o resto da magia”.

Sobre o novo “Cobras & Lagartos”, provavelmente, vai ser mais um projeto com a colaboração dos seus amigos. “O meu objetivo é fazer sempre música com os meus amigos, apesar de muitos não verem isso com um futuro. Quero eles inseridos nos meus projetos, porque as pessoas têm que saber, por exemplo, quem é o Vandro, não posso deixar morrer o Lui$G, esse tem caneta old school pesada… São pessoas que têm outros planos, mas se depender de mim estarão sempre nos meus projetos.”

Sobre expetativas do que o futuro lhe reserva, El Amukinado, explica que o seu foco principal é criar música de que goste e se orgulhe, sem se preocupar excessivamente com expectativas externas. “Aprendi uma coisa com o Wine TKK  & Submundo da AET (A Equipa Trabalha). Eles disseram-me para não cair no erro da maioria dos artistas, aconselharam-me a fazer as coisas porque gosto e com amor, para não pensar no topo, pensar nas visualizações, que isso tudo aparece com o tempo, porque se eu não bater vou gostar do resultado da mesma maneira. Focar em fazer as coisas bem feitas e usufruir e tirar bom proveito daquilo que estou a construir. Por isso, não crio grandes expectativas além de fazer aquilo que gosto e agradar a mim mesmo. Já lá foi o tempo em que queria demonstrar a todos que estou melhor e vou ser o melhor”, confessa.

Como mensagem final aos seus fãs, Amuki incentivou a luta pelos sonhos e a construção do próprio sucesso. Ele expressou a sua vontade de deixar a sua marca na música PALOP e ser uma referência para as gerações futuras, incentivando os seus seguidores a levantarem-se e perseguirem os seus objetivos.

Com uma abordagem autêntica, influências diversas e uma paixão inabalável pela música, El Amukinado está, sem dúvida, a trilhar o seu caminho único no cenário musical luso-angolano e além.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

Recomendações

Procurar
Close this search box.

OUTROS

Um espaço plural, onde experimentamos o  potencial da angolanidade.

Toda a actualidade sobre Comunicação, Publicidade, Empreendedorismo e o Impacto das marcas da Lusofonia.

MAIS POPULARES