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Festa de Iemanjá volta a Salvador e com reparação histórica

Há 100 anos, um grupo de pescadores do bairro Rio Vermelho, em Salvador (Bahia), oferecia ao mar um balaio repleto de perfumes, flores e enfeites em agradecimento pela fartura de peixes e em saudação à Iemanjá, divindade africana iorubá celebrada em cultos afro-brasileiros, como o candomblé e a umbanda.

O gesto deu origem a uma das festas mais populares do calendário religioso no Brasil, atraindo desde então milhares de devotos e turistas à cidade, considerada a maior comunidade de negros e negras fora de África. Desde 2020, a iniciativa é reconhecida como patrimônio cultural de Salvador.

Rodrigo Siqueira | ©Cristian-Carvalho

Neste 2 de fevereiro, um dos destaques da retomada das festividades (que não aconteciam há dois anos em decorrência da pandemia de covid-19) é a escultura de uma Iemanjá negra, criação em metal e fibra de vidro realizada pelo artista plástico amazonense Rodrigo Siqueira, em parceria com o Muncab – Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira.

Geralmente representada por uma mulher branca, de vestido azul claro, cabelos longos e lisos, a obra resgata características ancestrais e representa uma tentativa de reparação histórica em relação ao embranquecimento de símbolos e divindades negras desde a colonização, segundo os idealizadores. A imagem negra, seminua, de 1,40 cm está em destaque no altar da Colônia de Pescadores do Rio Vermelho, mas não substitui a imagem principal de estética branca.

Festa de Iemanjá em Salvador

Sob o tema “Odoyá, 100 anos de Festa e Reverência a Iemanjá”, a celebração iniciada na madrugada de ontem (1.º de fevereiro) é marcada por participantes e fiéis vestidos de branco, entregando inúmeros presentes e oferendas como rosas brancas e amarelas, bijuterias, sabonetes, espelhos e comidas à orixá.

Ao longo do dia, além de festas privadas em bares e casas de show, estão programadas apresentações de cortejos, bandas de sopro, de percussão, grupos folclóricos e concertos de artistas como Carlinhos Brown, Thiaguinho e Margareth Menezes, atual ministra da Cultura.

Também chamada de Janaína, Dandalunda, Ísis, Princesa de Aiocá, Rainha e/ou Sereia do mar, seu nome tem origem na língua iorubá, sendo o termo “Yéyé Omó Ejá”, em tradução literal “mãe cujos filhos são peixes”. Em Angola é Kianda, a deusa das águas e sereia bantu, homenageada no início de novembro. Em Cuba pode ser Yemaja, Yemaya, Yemayah e Iemanya, padroeira dos marinheiros e da cura.

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