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As “Pinceladas” sociais de Jardel Selele e Vopsi MoMA em exposição

Vopsi MoMA e Jardel Selele | DR
Vopsi MoMA e Jardel Selele | DR

A arte serviu de elo para unir os jovens artistas angolanos Jardel Selele e Vopsi MoMA, que no passado dia 1 de dezembro, estrearam a sua primeira exposição conjunta. Pinceladas estará à disposição do publico até ao dia 31 de dezembro, das 8h às 16h, no Hotel Fórum, em Luanda.

O acervo contém 11 obras de arte, das quais sete foram pintadas em conjunto e quatro de forma individual. Através de acrílico sobre tela e mista sobre tela, com recurso ao Jazz e à madeira, os artistas trazem, de forma livre, questionamentos sociais e alguma informação didática e pedagoga. As suas obras transmitem também o sentido de companheirismo, respeito, e refletem ainda vários retratos femininos.

Aquando do evento de apresentação, a BANTUMEN roubou alguns minutos dos artistas para uma conversa. Percebemos então que Pinceladas surgiu de um desejo individual de Vopsi, que desde cedo queria expor com Jardel Selele, principalmente por este ser seu mentor. Certa vez, MoMa viu uma entrevista de Jardel na televisão e foi aí que nasceu o seu desejo de se tornar artista. Entretanto, conheceu Selele pessoalmente e iniciou-se em 2018 nas artes plásticas. Daí, criaram um rascunho deste projeto, que, devido a questões de agenda, acabou por ficar adiado. Algum tempo depois, acabaram por pegar nas obras inacabadas que tinham no atelier e fizeram uma seleção de forma aleatória, que incluía diferentes técnicas e estilos e a paixão pelo surrealismo.

Quando estão com os pincéis, tintas e quadros, têm inspirações diferentes. MoMa gosta de pintar sobre cosmos e céus. Para ele, a arte deu-lhe a liberdade de expressão, autoestima e confiança. “Com os meus quadros, posso chegar ao outro lado da margem”. Por sua vez, Jardel inclina-se mais para retratar sobre problemas sociais e, apesar de estar na arte há quase uma década, ainda não consegue descrever de forma clara como se sente quando pinta. “É um processo de transformação tanto para o artista quanto para a obra”, contou-nos. A partir do momento em que idealiza algo, procura contextualizar para depois dar vida à obra. “Esse processo é inexplicável. A obra é que acaba por explicar tudo”, afirmou Jardel.

“Sinto-me bem, consigo encontrar a parte que dá lógica e sentido à minha vida”, disse por sua vez MoMa, descrevendo o que sente quando pinta. Para o artista, a arte representa “o universo, uma energia única, uma forma de expressão sem voz mas que fala mais alto do que qualquer grito de aflição”, descreveu.

Jardel quer cada vez mais expandir a sua obra pelo mundo fora. “Almejo que o meu trabalho continue a ser reconhecido pelo mundo”, contou-nos. Para já, já expôs em galerias em países como Argentina, Chile, Paraguai, Marrocos, Cabo-Verde e Portugal. Um dos seus orgulhos é poder influenciar outros artistas plásticos. “Consigo tocar pessoas, e estas inspiram-se no meu trabalho e conseguem formar-se. Felizmente, já consegui ajudar seis pessoas a firmarem-se no mercado. Hoje têm um trabalho sólido no mundo das artes”.

Para MoMa, cujo nome de registo é Alberto Jorge Cavélua Moma, é intitulado como o “Picasso angolano” e quer ser reconhecido em Angola. Questionado sobre o rendimento da arte plástica em Angola, Selele disse: “é um mundo que não garante, mas a qualidade do artista poderá servir muito para obter o que se espera, que é um rendimento”. O seu percurso começou em 2018 e conta com um leque de exposições coletivas e individuais, faz parte da Associação Nfulua Muana, é também membro da BJAP (Brigada de Jovem Artistas Plásticos), da Maratona dos artistas e é membro da sociedade de artistas francesa Jeunes Artistes d’Avenir.

O percurso de Jardel Selele começou na infância. Passou a praticar com o apoio do irmão mais velho, David Selele. Posteriormente, conheceu o artista Evadilson José Ferreira, que o levou ao ateliê Celamar, em 2009, e de lá passou ter aulas de desenho artístico e a apreciar as técnicas usadas por artistas já conceituados. Entre os vários projectos de que fez, destacam-se a sua primeira obra numa exposição coletiva, em 2011; trabalhou com pessoas com autismo e síndrome de Down; em 2017 foi considerado Artista Revelação do mês de novembo na revista Nova Família e, em 2020, venceu o prémio Camões no concurso #Usamascara. Atualmente, além de artista é professor e formador de arte, diretor, assessor e produtor artístico e faz assistência de exposições, curadoria e coordenação.

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