Mário Macilau, um dos mais reputados fotógrafos moçambicanos da atualidade, acaba de sagrar-se vencedor do prémio internacional de fotografia James Barnor, atribuído pela fundação britânica com o mesmo nome. O evento de entrega do troféu acontece já nesta quinta-feira, 26, no Museu da Fotografia (FOMU), na Antuérpia (Bélgica).
Com uma dotação de 10 mil euros, o prémio atribuído pela Fundação James Barnor pretende premiar o percurso de um fotógrafo consagrado, em meio de carreira, que necessita de apoio para obter o reconhecimento que merece.
Entre 18 outros candidatos provenientes da região do este africano, Mário Macilau venceu aquela que é a segunda edição do prémio. Além do moçambicano, Stacey Gillian Abe (Uganda), Emmanuelle Andrianjafy (Quénia), Salih Basheer (Sudão), Girma Berta (Etiópia), Mimi Cherono Ng’ok (Quénia), Saad Eltinay (Sudão), Gladys Kalichini (Zâmbia), Ala Kheir (Sudão), Tamary Kudita (Zimbabué), DeLovie Kwagala (Uganda), Pierrot Men (Madagáscar), Cedric Mizero (Ruanda), Félix Mula (Moçambique), Alick Phiri (Zâmbia), Felana Rajaonarivelo (Madagáscar), Mahefa Dimbiniaina Randrianarivelo (Madagáscar), Aron Simeneh (Etiópia) e Mekbib Tadesse (Etiópia) formaram a lista de candidatos.
O prémio nasceu do desejo do conceituado fotógrafo ganês James Barnor promover e apoiar talentos da fotografia no continente africano ou na diáspora africana mais ampla, e de aumentar a sua visibilidade a nível internacional.
Esta vontade de apostar na fotografia africana, relativamente rara no domínio dos prémios de fotografia de renome, está alicerçado no apoio à cultura africana e à formação, educação e promoção de novas gerações de artistas africanos.
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— CAP Prize (@CAP_Prize) October 8, 2023
O processo de seleção dos candidatos tem o apoio de uma lista de especialistas do cenário da fotografia e da arte africana contemporânea para nomear candidatos, podemos ler no site da distinção. Os nomeados apresentaram um dossiê que inclua a apresentação da sua carreira artística e um portfólio incluindo três séries representativas de trabalhos e Macilau foi nomeado indicado vezes como potencial vencedor. Por fim, o júri, composto por personalidades da esfera das artes e da fotografia, bem como por membros do conselho da Fundação James Barnor, presidida pelo próprio James Barnor, reuniu-se para selecionar o vencedor.
Segundo a organização, o material visual de Mário Macilau é essencial para aumentar a conscientização sobre diversas causas e, assim, para arrecadar resistência artística e representação internacional não apenas de Moçambique, mas do continente Africano. O seu trabalho desempenha um papel fundamental no que diz respeito ao ver o mundo de uma maneira diferente. “A sua obra torna-se uma parte indispensável da nossa cultura. Ela ajuda-nos também a lembrar o nosso passado e a preparar-nos para o presente. Este artista tem um olhar único, sensível e útil de várias maneiras, mas o seu maior impacto reside na capacidade de mostrar-nos o mundo de uma forma que não apenas impressiona visualmente, mas também toca emocionalmente”, disse James Barnor.
Mário Macilau é um artista multidisciplinar e ativista, mais conhecido pelo seu trabalho como fotógrafo. Nasceu em Maputo, tendo, tal como muitas outras crianças, crescido a trabalhar arduamente para ajudar a sustentar a família, naquelas que eram as difíceis condições de vida em Moçambique.
Em 2003, Macilau iniciou a sua atividade fotográfica, passando o início de carreira e aprender e a desenvolver as suas técnicas. Em 2007, lançou-se como fotógrafo profissional, trocando o telemóvel da mãe, sem o conhecimento desta, por uma Nikon FM2.
O trabalho de Macilau tem sido presença assídua em exposições individuais e coletivas, tanto no seu país natal como no estrangeiro, colecionado por instituições publicas e privadas, por colecionadores singulares e também foi selecionado como membro do júri em diversos concursos fotográficos internacionais. Recebeu diversos prémios internacionais de fotografia e em 2021 foi reconhecido pela PowerList100 Personalidades Mais Influentes da Lusofonia.
