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Neusa Sousa: “Não queria ser só mais uma negra em Portugal”

Neusa Sousa

Neusa tem um à vontade social de que poucos se podem gabar. Com o bom humor que lhe é característico e uma mão sempre estendida para ajudar, é hoje responsável por uma rede de mulheres que é um espaço de partilha, cria laços pessoais e profissionais, gera correntes de motivação e, sobretudo, dá a possibilidade a outras tantas de descobrirem novas possibilidades e, assim, gerarem mudança.

Em 2012, a frequentar o último ano do ensino secundário, enquanto a maioria ainda estava a tentar descobrir-se, entender as normas sociais e em que grupos encaixar-se, Neusa Sousa já dava de si à sua comunidade e começava a descortinar a carreira que hoje segue.

Segundo a própria, poucos conheciam ou ouviam falar de São Tomé e Príncipe. Se a moamba, a cachupa ou a matapa há muito faziam parte do léxico gastronómico lusófono (pelo menos do lado Este do Oceano Atlântico), o mesmo não acontecia ainda com o ijogó, bláblá ou izaquente. Apreciadora de um bom prato – embora avessa à confeção – e capitaneada pela curiosidade alheia sobre as iguarias do país que a viu nascer, Neusa criou uma página de Facebook onde partilhava as suas receitas.

Apesar de na altura não ter um plano de futuro ainda alinhado, a única certeza que tinha é que não seria “só mais uma negra” a seguir o percurso “óbvio” destinado à comunidade negra e encaixado no imaginário coletivo de uma maioria branca. Queria e, sobretudo, precisava ser mais.

Em 2017, lançou o blog Minha Doce África, onde já incentivava mulheres a trocarem as suas experiências empreendedoras, e oficializou o Chá de Beleza Afro com a primeira edição do evento. Trinta mulheres pagaram cinco euros para conversar, ouvir e descobrir como a vida de uma profissional independente pode ter tanto de desafiante quanto transformador.

Na sexta edição, que aconteceu agora no início de junho e em jeito de celebração do 30.º aniversário de Neusa, a organização do evento permitiu-se estabelecer o desafio de chegar às sete centenas de participantes, laurear a ex-ministra da Justiça Francisca Van Dunem com o prémio Mulher Referência CBA e contar com mais de uma dezena de oradoras – entre elas a deputada Romualda Fernandes e a atriz e modelo Ana Sofia Martins. O apoio da Câmara Municipal de Lisboa e de patrocinadores oficiais foi também uma estreia na lista de conquistas desta edição. Contudo, apenas 200 pessoas ocuparam as cadeiras do Fórum Lisboa, onde decorreu o evento. Este número terá realmente sido um fiasco ou um sucesso em meio a um objetivo desmoderado? A empreendedora, comunicadora e apresentadora de TV falou-nos neste podcast sobre as suas expetativas para este CBA, sobre a união enquanto elemento propulsor do sucesso da comunidade negra; entre outros assuntos.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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