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Out.Fest começa esta quarta-feira com Xexa, HiTech, Afrorack e muito mais

Out.Fest
HiTech. Photo by Colin Preston

Arranca esta quarta-feira o Festival Internacional de Música Exploratória do Barreiro (Portugal) mais conhecido por Out.Fest. Esta é a 19.ª edição do evento, que acontece até ao dia 7 de outubro por diferentes espaços no coração do Barreiro.

O cartaz deste Out.Fest é bastante diversificado mas o nosso destaque vai para quatro nomes. Começamos pela atuação dos HiTech, no dia 6, às 1h25, no ADAO. O trio de Detroit (EUA) é guiado por King Milo, Milf Melly e 47Chops sob a tutela atenta e agitadora de Omar-S. Os HiTech personificam o legado electrónico mais roufenho da dança na urbe com toda a street smart e honestidade que lhe dá vida. Animada pelo eixo entre o footwork e o ghettotech, a música deste trio de Detroit cria aí as bases rítmicas aceleradas e cruas para delegar partículas vocais com pitch alterado, acordes jazzy, tonalidades soul e pedaços de rap ao papel de animar estas construções de pista. Após a estreia auspiciosa com o seu álbum homónimo, lançaram já este ano Détwat.

Também no dia 6, no ADAO, a partir das 22h10, vais poder conhecer Brian Bamanaya , mais conhecido por Afrorack. Criador do primeiro sintetizador DIY no continente africano, Brian Bamanaya é um pioneiro no mais puro sentido da palavra. Nascido da necessidade, face os custos proibitivos desse equipamento no Uganda, Bamanaya tornou-se autodidata e desse processo de aprendizagem e construção erigiu o Afrorack – nome bem sucinto para a sua criação que é também o seu nome artístico.  A sua música descarta os cânones europeus e americanos que serviram de diretriz para a atual saturação do panorama que procura o cosmos por via dos sintetizadores modulares, para inspirar-se na herança de várias músicas da África de leste; uma abstracção de fontes oriundas do techno e acid para dentro de escalas e polirritmias inusitadas nesse mesmo contexto, mesmo que com plena consciência do que se faz e fez. Entre a meditação do grave, a expansividade cósmica e a força sempre vital da dança, vai fazendo da tradição futuro.

No dia 7, na Sala 6, às 18h, vai atuar Xexa, artista lisboeta de origem santomense que vive atualmente em Londres. XEXA foi uma das 12 artistas convidadas para a celebração do décimo aniversário da Príncipe na rádio NTS, e a artista destacou-se no meio da batida com a sua mix de pulsões ambientais. Partindo de um híbrido de sintetizadores, gravações de campo, vozes processadas e batidas etéreas que ecoam tradições africanas, XEXA projeta uma imagética muito particular, onde o som em suspensão ocupa um espaço físico e emocional tocante sem se impor, surgindo antes da sugestão e do mistério que dá valência ao ambiente.

Ainda no dia 7, no espaço ADAO, LustSickPuppy sobre ao palco às 1h45, vinde diretamente de Crown Heights em Brooklyn. LustSickPuppy aparece-nos com a sua cara pintada como um smiley como representação de uma “pessoa negra e queer forçada a sorrir neste mundo fodido”. Manifesto de intenções bem acutilante e direto que se reflete na sua música. Feitas de estilhaços de gabber, drum & bass, rap e uma atitude muito punk, as canções de LustSickPuppy atacam com uma garra e velocidade que não descura a melodia enquanto gancho que une todo este assalto. Com tanto de confrontacional na entrega quanto de comunal no espírito, LustSickPuppy chega ao OUT.FEST após a edição do seu segundo ep, AS HARD AS YOU CAN, onde contou com a colaboração de Bonnie Baxter de Kill Alters e Andy Morin de Death Grips, e feras tão infecciosas quanto ‘might b’ ou ‘RIDE IT’, amostras que expressam – e não esgotam – o assalto sónico e conceptual, de sorriso nos dentes, que nos espera neste concerto. 

O nosso último destaque vai para Raja Kirik, que atuam no dia 7, no palco do Largo 1.º de Maio. Este duo é um ato simbólico de resistência perante um passado de opressão colonial por parte do império holandês. Formado em Java, na Indonésia, o duo é formado por Yennu Ariendra e J. Mo’ong Santoso Pribadi. Assente na herança da música e dança xamânica da ilha, conhecida como Jaranan, expressão possível e extática do povo javanês perante a ocupação, Raja Kirik operam uma mesma estratégia de trance como oposição com recurso a instrumentos tradicionais e invenções suas, conjurando ritmos tradicionais e descargas de ruído bruto com os kicks e a velocidade do gabber num comprimento de onda ideológico e espiritual com os seus conterrâneos de Bali, Gabber Modus Operandi. Após uma primeira edição em 2020 pela Yes No Wave – editora central da fervilhante cena indonésia – o seu segundo álbum, Rampokan foi reeditado já este ano na Nyege Nyege Tapes.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

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