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Sam The Kid: Um Coliseu cheio numa noite Pratica(mente) histórica

Se existiam dúvidas que o hip hop de Samuel Mira ainda se encontrava vivo e de boa saúde, ontem, 18 de Outubro, teve a reposta no Coliseu de Lisboa. Sam deu um concerto único e que há dez anos que era esperado.

E se disséssemos que sentimos a energia do quarto mágico de Sam The Kid, acreditarias? Vamos arriscar e dizer que sim. De Chelas para o Coliseu, a noite foi magia começou com o seu pai (Napoleão Mira) a dar início ao concerto. Recitou o “Entretanto”, numa voz que marcou todo o concerto, com a sua firmeza e veia poética, tal pai tal filho.

A sala estava cheia, amantes do rap, entusiastas, curiosos, chungas, Betos todos juntos no mesmo espaço para ouvir um dos pioneiros do hip hop em Portugal. “A Partir de Agora” do álbum Pratica(mente) abraçava o público, numa mostra de afecto recíproca que deixou o próprio Sam The Kid estupefacto.

Sam The Kid
Sam The Kid no Coliseu dos Recreios | Foto: Miguel Roque

O quadro foi pintado pouco a pouco em palco, tudo obra de Samuel. Orelha Negra e uma orquestra de 24 elementos comandada pelo maestro Pedro Moreira, que dava vida e sangue novo a alguns dos samples recortados pelo miúdo de Chelas. O miúdo que se tornou no símbolo da cultura hip hop lusa.

Ouviam-se canções que marcaram gerações e épocas, entre 1999 e 2006. Entre(tanto), Sobre(tudo) e Pratica(mente) faziam parte do alinhamento e só podia ser assim, o público cantava como se as músicas tivessem sido lançadas hoje. Houve também “Xeg & Sam” pela primeira vez em palco desde o seu lançamento, faixa do primeiro álbum. “Foram precisos 20 anos para tocarmos esta música ao vivo”, confessou STK, aproveitando a deixa para dar os parabéns ao aniversariante Bambino.

São 40 anos de idade, 40 anos de história para contar. E uma delas é de um Coliseu cheio. Onde Samuel mostrou que a idade não é nada, comparando o trabalho que foi desenvolvendo ao longo da sua carreira e ter chegando onde chegou. Como dizia o próprio “juventude é mentalidade”. E desses 40 anos, existem muitos arquivos guardados, autênticas peças de arte gravadas em instrumentais ou em filmagens VHS. O arquivo fez parte do espetáculo. Samuel mostrou desde um telefonema feito há duas décadas a filmagens de Snake, antes de dar início à música feita pelos dois, “Negociantes”, e fotos da família, enquanto o avô, a partir de uma gravação, ensaiava rimas. Houve ainda temas pedidos e aguardados pelo público que não foram cantados, como “Solteiro”, mas os clássicos fizeram o concerto ser melhor do que se esperava.

Sam The Kid
Sam The Kid no Coliseu dos Recreios | Foto: Miguel Roque

Não bastava a entoação das palavras e das rimas, a orquestra fazia cada melodia brilhar. “O tema “O Recado”, teve direito a solo de saxofone por Ricardo Toscano. Temas como “Retrospectiva De Um Amor Profundo”, “Não Percebes”, “À Procura da Perfeita Repetição” e “Poetas de Karaoke” foram cantadas, palavra a palavra, por todos que se fizeram presentes.

Como referido acima o arquivo de Sam é infindável, e em homenagem a GQ, Snake e Beto di Ghetto foi feita uma ligação ao passado numa viagem visual e interpretativa. A viagem ao tempo não terminara, e as músicas que marcaram toda uma carreira foram cantadas, como também o “O Crime do Padre Amaro” que teve prestações sem comparações do seu “ídolo” Carlão e SP Deville; NBC entregou-se de alma e coração no refrão de “Juventude (É Mentalidade)”; Mundo Segundo, veio reformatar Gaia e Chelas (a sua segunda casa, talvez) e “Tu Não Sabes”. E ainda houve tempo e espaço para os Orelha Negra.

Sam The Kid
Sam The Kid no Coliseu dos Recreios | Foto: Miguel Roque

O alinhamento das músicas chegava ao fim mas o espetáculo não. As luzes apagaram-se como se fosse a pedir para que as pessoas se retirassem. Uma luz focou sobre um ponto no palco, onde se via Sam The Kid sentado à mesa com um MPC. Ouviam-se os primeiros toques que anteviam “Sendo Assim” acompanhado pela orquestra, numa fusão de sentimentos musicais. Sam não foi nenhum “Kid” neste concerto, mostrou-se “Man” e fez com que o público pedisse por mais naquele que podemos assumir como um dos melhores eventos de sempre do hip hop em Portugal.

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