SleepyThePrince lançou recentemente um novo single, “Tão Cedo + Sinner”, para os fãs e apreciadores da sua música. Estivemos à conversa com o rapper, compositor e diretor criativo, André Saraiva Pedro, conhecido no mundo da música como SleepyThePrince, cujo uso do capacete tornou-se na sua marca registada.
A ideia de usar o capacete surgiu quando percebeu que a sua imagem não vendia o suficiente para o nível das suas criações na altura (música futurista). Sleepy precisava de algo que se adequasse ao género e criou esta “marca de água”. O capacete tornou-se assim parte da sua identidade e num adereço que bate de frente com alguns parâmetros sociais. “Não sou muito amigo do sistema. Gosto de fazer algo que esteja envolvido com o óbvio mas não gosto de ser óbvio, enquanto pessoa e enquanto artista”, contou-nos. “Para os bons artistas basta a música. (…) Nós não precisamos de vender rostos”, salientou, acrescentando que só está a vender um conceito artístico que acha “ser válido”.
Apesar de ter nascido em Portugal, o artista identifica-se fortemente com a cultura angolana, da qual descende. Ainda assim, SleepyThePrince considera-se um cidadão do mundo por entender que o que separa os países são as mentes. A nível artístico são também muito poucas as fronteiras. Sleepy quer estar onde a sua música fluir, até porque, a seu ver: “música em português é música para o mundo”.
A presença de artistas africanos como Burna Boy na Champions League e Rema, recentemente no prémio Bola de Ouro, evidencia que na música não é a língua que importa, mas sim a cultura. Na nossa perceção, os ritmos africanos são únicos e inconfundíveis e, atualmente, as culturas africana e latina, começam finalmente a ganhar o merecido espaço nos palcos globais. A nossa visão sobre ascender está na união entre os artistas para criar algo maior. Caso contrário, “os americanos continuarão sempre à frente”, indica-nos.
Foi em 2022 que SleepyThePrince começou a ganhar destaque na música, mas os primeiros primeiros trabalhos surgiram em 2014 e o gosto pelo rap surgiu em 2015.
Em 2017, frequentou a Academia de Música Neval, em Luanda, Angola, passando depois a ter algum destaque no movimento hip hop em solo nacional como em Angola, valendo-se também de parcerias com nomes como Deezy Lemos e Carla Prata. Desde então, dedicou-se à produção musical a solo.
“High Desde o Começo” , 2020, “In Melancholic Dreams”, 2022, e mais recentemente “Colosso”, “Estrela de Rock” (marcante pela identidade visual), “No Point” e “Fucktores” são os seus projetos mais populares.
Para ele, o uso de ferramentas acessórias como o auto-tune, não o limitam nem servem de recurso para suprir incapacidades vocais; muito pelo contrário, concedem-lhe uma elasticidade de experimentação admirável, fazendo da voz um autêntico instrumento melódico a par das guitarras e 808s que caracterizam o seu som. A estética visual inconfundível é uma condição obrigatória em cada proposta audiovisual, determinante na sedimentação do seu nome.
Pela sua natureza versátil, o artista procura inspiração em várias fontes, desde artistas norte-americanos como Travis Scott, Ten Oliver, MaF Don, Tailor e Drake, passando por nomes lusófonos como NGA, Mobbers e Chelsea Dinorath, T-Rex, Wet Bed Gang e Ivandro.
Das plataformas digitais para os palcos, a afirmação artística de SleepyThePrince tem-se revelado transversal, desde logo pelas passagens do artista por grandes palcos portugueses como os do Festival Iminente, onde tocou no palco principal da última edição e do NOS Alive deste ano, onde atuou em nome próprio no Palco WTF Clubbing.
