O filme nigeriano The Milkmaid está numa corrida notável aos Óscares de 2021. Uma “chapada sem mão” para o governo do país que censurou várias partes do filme por ofenderem a religião muçulmana.
Milkmaid, que em português significa a leiteira, é um filme escrito e realizado por Desmond Ovbiagele e conta a história de Zainab, uma leiteira de uma minoria étnica, que enfrenta extremistas religiosos na procura pela sua irmã desaparecida.
De forma objetiva, o filme retrata a guerra contra os Boko Haram, a organização jihadista islâmica sunita responsável pela morte de mais de 37 mil pessoas na Nigéria. Para perceber melhor a realidade deste conflito, Ovbiagele (realizador do filme) leu milhares de páginas de notícias e relatórios e falou com vítimas reais que escaparam à violência deste grupo terrorista.
O governo nigeriano não ficou satisfeito com a versão final do filme e censurou diversas cenas, com medo que este pudesse ofender os muçulmanos. Foram removidos cerca de 24 minutos do filme original, salienta o portal OZY.
Desta forma, a longa-metragem ficou desprovida de alguma das cenas mais impactantes e poderosas e algumas das passagens do filme soam banais ao cidadão ocidental moderno.
Além de muito divertido, o filme ao mesmo tempo sensibiliza e facilita a compreensão da situação difícil das vítimas da insurgência de grupos como os Boku Haram; especialmente mulheres e crianças, contribuindo assim para os esforços contínuos que visam erradicar o extremismo da sociedade.
Tecnicamente elaborado para os mais altos padrões cinematográficos internacionais, The Milkmaid mostra a beleza natural da topografia da Nigéria, como o planalto de Mambilla no estado de Taraba, enquanto destaca a riqueza das coloridas culturas Hausa e Fulani da sub-região.
A crítica cinematográfica argumenta que é o melhor filme nigeriano dos últimos anos. No entanto, o Conselho Nacional de Censores de Cinema e Vídeo da Nigéria não partilha da mesma opinião.
A cerimónia dos Óscares em 2021 acontecerá a 25 de abril, a data mais tardia de toda a sua história. Este atraso espera colmatar a redução do número de filmes em consideração, devido à pandemia, permitindo que a janela de submissão se prolongue até dia 28 de fevereiro – quando é hábito que apenas possam ser candidatos filmes estreados até dezembro do ano que antecede a cerimónia.
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