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YANKEMA, renasce de Keanumagalhaes e com ambições maiores 

Yankema
📷: @pangera.agency

Keanu Magalhães, ou simplesmente YANKEMA, nasceu em Luanda e é um filho legítimo do Maculusso (bairro da cidade de Luanda). Em entrevista à BANTUMEN, o rapper esclarece que não houve ruptura introspetiva para que então renascesse, houve sim um crescimento. 

“Keanu Magalhães foi uma fase da minha carreira em que estava a descobrir-me musicalmente”, disse. Porém, apesar de em nenhum momento deixar de parte a importância que a fase de descobrimento teve na formação do artista que é hoje, YANKEMA admite que o “velho” Keanu carregava consigo muitos receios que tinha como artista, entre eles o de ser ele mesmo. 

Entre similaridades e diferenças, YANKEMA avançou ainda que o seu ”novo eu” possui ambições maiores para a carreira, salientando a vontade que tem de elevar o nome do seu país, a cultura e a arte que se faz em Angola para “um panorama ainda maior”: 

“Eu não digo que a consciência mudou, mas as ambições ficaram maiores, e foi aí que nasceu o YANKEMA”.

Yankema | 📷: @pangera.agency

Entretanto, o artista admitiu, que apesar de não ter tantas referências atuais ligadas ao rap em Angola, a música do seu país continua a ter, ainda assim, grande influência no seu processo criativo e que continua, inegavelmente, a ser um “rapper do maculusso”. 

“Eu não deixei de ser um rapper do maculusso. Sempre vou defender e sempre digo que sou um rapper angolano, em primeiro. Sempre defendi a minha bandeira, o sítio de onde vim, o bairro de onde vim” disse. 

E sobre referências, ligadas ao rap angolano principalmente, quis deixar claro que são poucas mas existem. T-rex é uma delas, NGA outra. Todavia, o seu background musical é bastante eclético, conforme o próprio afirma, e figuram da lista mais e mais estilos, como o pop, música antilhana e semba, e figuram igualmente na lista mais artistas, como Heavy C, Paulo Flores e Gutto.

Aquando da distinção entre Keanu e YANKEMA, o rapper fez questão de salientar medos, receios e inibições que carregava anteriormente, sobretudo com a sua voz. O artista, a certa altura da conversa que manteve connosco, admitiu ter “mascarado“ algumas vezes a sua voz original, quer com pronúncias diferentes quer com tons também diferentes. YANKEMA considera o processo de ter limado estas arestas uma espécie de “segredo“ para o crescimento e grande notoriedade que tem experenciado. 

Yankema | 📷: @pangera.agency

“O que deu certo para mim, foi ser eu mesmo. Ser mais eu nas músicas, o Keanu que sou em casa, e me descobrir como artista. Acho que o segredo é este: consistência, teres a tua própria sonoridade e te descobrires como artista. Acredito que é uma batalha constante, acredito que ainda estou a descobrir muita coisa sobre mim como artista, mas acho que essa viagem é o que torna esse processo, até chegar ao objetivo final, mais prazeroso”. 

Por si, esta resposta respondia à nossa próxima pergunta: quais as principais mudanças do EP Tour, comparando com a antiga discografia. “No EP Tour foi notório que tive menos inibições, tive menos medo, tive mais vontade, tive mais ambição. (…) Comecei a adotar o tom natural da minha voz, aprendi a gostar da minha voz. No que toca à lírica, no que toca a conceitos, o facto de ter tido um tempo do meu último projeto até agora, pude explorar mais, comecei a ser mais eu mesmo na minha música e… acho que é muito notório isso”. 

A seguir, discorremos um bocado sobre sonoridades e a evolução dos estilos. Keanu admite ainda conseguir ”cair num boom bap”, mas é no trap que explora melhor as sonoridades e melodias e conceitos, porém, deixa claro que não está ”formatado” apenas para o trap. Tanto que deixa ficar uma promessa aos fãs: no próximo projeto, mais de quatro faixas serão ”rap a sério”. 

“Eu sempre vou fazer boom bap. Acima de tudo sou um rapper. O trap é um veículo que me permite explorar mais sonoridades, mas o rap é a minha essência. Cresci a ver os meus tios a fazerem batalhas de rap, cresci a ouvir Nas, BIG e Tupac. Então, a parte da caneta sempre vai existir” disse. Em resumo, o artista concluiu que o trap e o boom bap são partes da mesma moeda, “é a evolução da música”. 

Nas suas músicas, sejam as escritas em blocos de nota, sejam as escritas com o feeling do beat, YANKEMA passa a mensagem, muitas vezes subliminar, de resiliência, força de vontade e ambição, que são vários espelhos da sua própria personalidade. Considerou em 2022 o melhor ano da sua carreira, e para 2023, espera ir atrás dos objetivos que tem. 

Yankema | 📷: @pangera.agency

“A nível pessoal e como artista, foi o ano em que me descobri. Não faria nada diferente, não mudava nada, porque acredito que foi um ano de aprendizado e acredito que tem muito mais por vir daqui para a frente. Vão ouvir o nome YANKEMA everywhere“.

Bem no final da nossa entrevista, quisemos saber do posicionamento de YANKEMA enquanto artista, quanto a pautas raciais e a realidade conturbada que Angola enfrenta tanto politicamente quanto socialmente. O artista avançou que sempre viveu em Portugal, e que, apesar de ter conhecido, em solo portugues, várias pessoas “cinco estrelas“, não se pode afirmar que Portugal não é um país racista. “Conheço muitos portugueses que são as melhores pessoas que conheci na vida, mas não posso mascarar e dizer que Portugal não é um país racista. Portugal é dos países em que mais senti o preconceito na pele, em que mais me senti desconfortável tendo o tom de pele que tenho. É tu ires a um Pingo Doce ou a um Continente (supermercados) e o segurança seguir-te, é tu estares dentro do comboio ou autocarro ou dentro do metro, e ouvires volta para a tua terra“. 

Sobre Angola, YANKEMA diz não precisar passar pela mesma experiência que o povo angolano passa para sentir empatia, basta que seja angolano. Entretanto, olha para si, enquanto artista que é como um missionário que pode lutar pela causa e ajudar de qualquer maneira, no agora, e num futuro, fazer muito mais.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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