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A pureza de Didasboy em “Cavalo Branco”

Didasboy / Foto: BANTUMEN
Didasboy / Foto: BANTUMEN

Didasboy já não é um nome estranho no panorama musical português. Depois de uma paragem de cinco anos, o artista está de regresso com um EP, Cavalo Branco.

O artista está no ativo desde 2019 – altura em que foi mais consistente e lançou várias faixas – mas a sua história com a música é antiga. Em pequeno queria ser jogador de futebol, chegou a jogar, mas o campo onde realmente queria marcar pontos era no estúdio.

Apaixonado desde sempre pela forma como os instrumentais eram feitos, a introdução das guitarras, pianos, a melodia, o bombo e a tarola, os BPMs e o bass, foram a motivação certa para que quisesse saber mais sobre a música e como seria usá-la como parte de si. Na altura, era o futebol que o mantinha ocupado, mas deixou de jogar por ter ficado de castigo. Foi o momento ideial para explorar mais sobre música.

Cinco anos e várias faixas soltas depois, Didasboy lança agora o seu primeiro EP, Cavalo Branco. Este faz uma reflexão sobre a sua vida. Foram necessários alguns anos de preparação para hoje ter um trabalho mais consistente, mais palpável e mais real a si mesmo. “Eu sentia de alguma forma algum receio. Sentia que podia fazer um projeto, mas sempre fui muito perfeccionista. Sentia também que, de alguma forma, tinha que vivenciar muito, que viver muito, ter muita experiência para poder fazer um projeto com cabeça, tronco e membros”, explicou-nos Didasboy em entrevista.

Didasboy / Foto: BANTUMEN

Na espiritualidade em geral, o cavalo branco pode ser interpretado como um símbolo de pureza, liberdade, força espiritual e conexão com o divino. Que vai muito ao encontro do que Didasboy sentiu para dar vida a este projeto. Quando achou que estava pronto, nasceu o EP. Um trabalho que o mesmo considera puro, com muito sentimento, tanto desde a entrega até à forma como aborda os temas e as letras em cada faixa. “Acho que neste projeto consegui ser, como nunca fui antes, uma pessoa mais direta em todos os aspectos”.

Nós, que já conhecemos o repertório do Didasboy, ao ouvirmos o Cavalo Branco, conseguimos ver a maturidade e o crescimento do artista neste trabalho. Um rapper mais direto, que fala das coisas como elas são, sem dar voltas e sem auto-censura. Se antes tinha medo de falar, já não é o caso. Sem papas na língua, Didasboy falou e cantou o que quis, sem medo das várias interpretações que as pessoas possam ter.

Embora tenha apenas 20 anos de idade, Didasboy já passou por muito e tem muito para contar. Um dos maiores focos na sua vida é mostrar às pessoas que é possível tudo quando se trabalha com muita força, coragem e força de vontade para fazer as coisas acontecerem, artisticamente como pessoalmente.

Didasboy / Foto: BANTUMEN

“Hoje em dia tens acesso a tudo, temos um fácil acesso que antes não havia. Então é mais fácil seres tu mesmo, sem filtros. O Cavalo Branco é isso. Sou eu, cru, sem auto-tune, porque queria mesmo que as pessoas ouvissem e sentissem aquilo que estou a dizer. Por exemplo, na primeira faixa do EP, “Cara ou Coroa“, a minha voz não está muito parecida às outras, porque eu estava muito triste. Para não chorar, cantei. E a mesma coisa com a “Ampulheta”, a penúltima faixa do EP, e quis trazer essa emoção para fora. Como se estivesse a ter uma conversa com quem estivesse a ouvir”, afirmou.

Para Didasboy, tudo o que está a fazer tem de ser feito com calma, com um plano e sobretudo com sentimento. Para chegar onde já chegou e onde quer chegar, sabe que terá de cair para se levantar mais forte e ter a maturidade de aprender com as quedas e erros que possa cometer, por ser tão jovem. “Eu acho que, em vez de chorar, tenho outra forma de lidar com as coisas que é deitar para fora, que é cantar e exprimir aquilo que sinto. Em vez de chorar, estar a lamentar e a deitar lágrimas, deito a minha dor para fora dessa forma. Estou a mostrar ao mundo aquilo que estou a sentir. É raro chorar, mas a última vez que isso aconteceu foi quando perdi a minha tia”.

Didasboy / Foto: BANTUMEN

“Já perdi muita gente mas com a minha tia foi mais profundo, porque era uma pessoa com quem eu lidava diariamente. Lembro-me de ter chorado quando soube, mas nos outros dias e nem no funeral eu consegui chorar. O que é que eu fiz? Fiz uma música. E passou-me. Agora consigo falar do assunto e já não me incomoda tanto. Então, acho que é a melhor forma que encontrei para não ter de derramar lágrimas”, reforçou.

Didasboy sabe que tem muito trabalho pela frente e muito terreno para desbravar, isso só lhe dá mais força e motivação. A forma como se expressa musicalmente pode ser o diferencial dos outros, mas neste momento só quer fazer música, deixar o Cavalo Branco andar livremente para que as pessoas o ouçam com atenção. Gostaria de fazer um álbum, colaborar com outros rappers como T-Rex, entre outros e, aperfeiçoar mais as técnicas de produção, fazer história e ser um artista internacional.

Ouve abaixo o EP Cavalo Branco.

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Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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