O projeto brasileiro Central Única das Favelas (CUFA), responsável pela Expo Favela, dá um passo marcante na sua trajetória de transformação social ao inaugurar, neste sábado (7), o primeiro escritório em França. Situada em Saint Ouen, às portas de Paris, esta nova filial da Favela Holding, de Celso Athayde, pretende ampliar os horizontes de atuação da entidade focada nas populações periféricas, na Europa.
O propósito central desta unidade francesa é concretizar a primeira edição da Expo Favela Innovation fora do Brasil, programada para outubro de 2024.
No Brasil, a Expo Favela firmou-se como o principal evento de negócios para empreendedores de comunidades, proporcionando a exposição dos seus produtos e serviços, com o intuito de criar conexões com grandes empresas e investidores.
Após o sucesso da primeira edição realizada em São Paulo, em 2022, a exposição ganhou impulso e promoveu 15 edições estaduais em 2023.
Em Paris, o Expo Favela terá como público-alvo os empreendedores das regiões periféricas, com foco especial nos moradores dos bairros populares, na sua maioria imigrantes de Marrocos, Argélia e Senegal, conforme explica à imprensa Karina Tavares, a escolhida para liderar o escritório francês.
Residente em França há quase duas décadas, Karina tem um mestrado em sociologia e uma longa história de colaboração com a CUFA, desde 2006, quando liderou um projeto de formação audiovisual para jovens em situação de vulnerabilidade.
A CUFA, presente nos 26 estados brasileiros, tem sede global nos Estados Unidos e representações em 17 países. A escolha de crescer na Europa, conforme explica Celso Athayde, fundador da CUFA e da Favela Holding, um conglomerado de 25 empresas com atuação voltada para as favelas, tem o objetivo de exportar as tecnologias sociais desenvolvidas no Brasil e que podem ser replicadas noutros países.
Apesar de as periferias brasileiras ainda apresentarem desafios prementes, a CUFA quer ser um exportador de soluções sociais e contribuir para o desenvolvimento global. A Expo Favela França, prevista para outubro de 2024, contará com o apoio da Meta (detentora do Facebook, Instagram e WhatApp) e outras empresas, além do suporte de prefeituras e fundações.
Nascido a 28 de fevereiro de 1963, nas favelas da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, Celso Athayde é um empreendedor social, com uma infância marcada pela pobreza e vida na rua, juntamente com o irmão, depois da violenta separação dos pais, quando tinha apenas seis anos.
Ao longo dos anos, Celso Athayde destacou-se como um empreendedor visionário, criando a Central Única das Favelas (CUFA) em 1998, uma organização que se tornou num hub de projetos sociais para transformar a imagem das comunidades desfavorecidas. A CUFA é uma plataforma para descobrir talentos, oferecer oportunidades e empoderar os moradores das comunidades periféricas. Além de empreededor, Celso é também autor, com cinco obras publicadas.
Durante o período da pandemia, em 2020, com o intuito de atenuar as dificuldades de moradores de favela, impostas pelo isolamento social, Celso criou os programas CUFA Contra o Vírus e Mães da Favela, que ajudaram milhões de moradores em mais de cinco mil favelas de todo o território brasileiro.
Também dirigiu e produziu o documentário Falcão Meninos do Tráfico, co-dirigido por MV Bill, um filme que se tornou referência e mudou o olhar da sociedade sobre o tema educação e segurança pública. Além desses, Celso dirigiu também outros filmes como Três da Madruga, Di Menor e Soldado do Morro.
Com uma forte ligação às artes, Celso Athayde representa ainda nomes do hip hop brasileiro, como Nega Gizza e MV Bill.
A sua dedicação e visão levaram-no a ser reconhecido como “Empreendedor Social do Ano” em 2017 pela revista brasileira Istoé.
