No movimento hip hop em Portugal, quem nunca ouvi falar de Ghoya, o várias vezes apelidado de “2Pac crioulo da tuga”, com uma atitude e garra sem igual, sempre que pegava no microfone? Marquem já na agenda, no dia 25 de março, a partir das 22h, Ghoya vai apresentar novos temas, bem como os clássicos, na sala do Village Underground Lisboa.
Em exclusivo para a BANTUMEN, Ghoya explicou o que podemos esperar do concerto onde terá vários convidados. Depois de uma pausa forçada de dez anos, o artista retornou ao estúdio para gravar “Erranti”, o novo single que agora vai apresentar.
Sobre o conteúdo, desta, como da maior parte das suas músicas, não há segredo. “Tento que os meus concertos e que as minhas músicas se primam por aquilo que eu sinto e por aquilo que penso. E em certas músicas não há dúvidas disso. Vou cantar temas bastante presentes, não tem como escapar desse sentimento. É claro que nós não queremos estar sempre ali a tocar no ceguinho e falar daquela parte mais negativa, de todo esse problema. Mas temos de ser realistas: os pretos passam problemas que os outros não passam. E a negação que existe em torno desse problema, dificulta a sua resolução”, disse-nos Ghoya.
O rapper acredita que cabe às novas gerações mudar a narrativa das suas próprias histórias, reconhecendo o passado para mudar o futuro. “Da mesma forma que não sou herdeiro da escravatura dos meus pais, tu não tens de ser herdeiro do colonialismo dos teus pais e simular que não sabes de nada. Nós temos uma relação esquizofrénica com tudo o que está a acontecer, da mesma forma que o nosso país vive essa mesma relação esquizofrénica com a cena da irmandade, percebes? Então isso é algo que tem de estar bué presente nas minhas músicas é uma cena muito presente, não tem como”, sublinhou.
Ghoya é Bruno Furtado, rapper cabo-verdiano nascido no antigo Bairro das Fontainhas, em Camarate (Lisboa). Começou a cantar em 2002 e pelo rap crioulo encontrou um meio para expressar as suas vivências, emoções e experiências.
Em 2007 co-fundou o grupo Mentis Afro e em 2009 lançou o primeiro álbum a solo: “1 Vida So Ka Ta Txiga”, um lançamento que lhe trouxe grande destaque e estatuto na cena rap nacional.
Equipa BANTUMEN
A BANTUMEN é uma plataforma online em português, com conteúdos próprios, que procura refletir a atualidade da cultura negra da Lusofonia, com enfoque nos PALOP e na sua diáspora. O projecto editorial espelha a diversidade de visões e sensibilidades das populações afrodescendentes falantes do português, dando voz, criando visibilidade e representatividade.