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Indira Mateta, a negritude e a sua herança nas artes

Indira Mateta | @theeye_matondo
Indira Mateta | @theeye_matondo

No dia 22 de junho, o MusicBox, em Lisboa, será palco de um evento imperdível para os amantes da House Music e dos seus sub-géneros, com quatro estreias naquela casa e sob a assinatura BANTUMEN. Em antecipação a esse evento, a BANTUMEN teve a oportunidade de conversar com Indira Mateta, também conhecida como Indi Mateta, uma artista multidisciplinar de Angola, a viver atualmente em Lisboa, e que se destaca nas artes visuais e como Seleta/DJ.

Indi Mateta é uma contadora de histórias que encontra na sua arte uma forma de transmitir tudo o que aprendeu e descobriu sobre si mesma, as suas origens, Angola, África e negritude. A sua curiosidade e mente aberta levaram-na a explorar diversas formas de expressão, desde a fotografia ao vídeo e, mais recentemente, a música. O cerne do seu repertório reside na música africana e na música criada pela diáspora negra.

Ao conversar com Indi Mateta, ficou evidente a influência do pai, o jornalista Paulo Mateta, e a sua paixão pela fotografia e pela comunicação visual. Acompanhava-o nas suas viagens e registrava momentos especiais em família. Atualmente com uma câmera fotográfica tatuada na pela, desde tenra idade, a artista viu-se fascinada pela fotografia. Gradualmente, esse interesse expandiu-se para o vídeo e experimentações mais artísticas, incluindo a produção de um mini documentário.

O filme, indicado para os prémios Angola Move de 2021, conta a história do mito urbano Caixão Vazio, que nos anos 90 aterrorizava crianças e adultos, em Luanda e não só. Reza a lenda que um grupo de marginais impiedoso, com o nome Caixão Vazio, passava pelas escolas da cidade para roubar crianças e professores. Muitos foram os que fugiram desenfreadamente ao ouvir que o grupo estava nas redondezas.

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A música sempre foi uma presença marcante na vida de Indi. A família, incluindo pais e irmãos, partilha uma profunda conexão com a música, dança e pela animação de festas familiares. “O meu pai é uma pessoa que acorda a cantar e eu sou igual. A minha mãe também adora a música, adora dançar, os meus irmãos também… Quando estamos, por exemplo, em festas de família, ninguém fica parado. Estamos sempre, sempre no meio da roda a dançar, todos nós”, explicou.

Essa musicalidade abrange tanto as influências da diáspora africana na América Latina quanto a riqueza da música feita em África, desde as raízes até aos sons mais urbanos e contemporâneos. Essa diversidade musical tornou-se na base do repertório de Indi Mateta, que encontrou nas festas de música uma forma de partilhar o seu gosto musical e o resultado das suas pesquisas com o público.

A incursão de Indi Mateta no mundo do DJing começou de forma inusitada. Um convite para participar de um evento em Luanda, chamado “Pen Drive Roulette”, despertou o seu interesse em partilhar suas próprias músicas. “Havia um desafio para os clientes, no sentido de levarem uma pen drive com a sua playlist para partilhar lá no espaço. E eu praticamente fui a primeira convidada, ou a segunda se não me engano, isso em 2015/16. As pessoas gostaram tanto que passaram a convidar-me para fazer o mesmo em várias ocasiões. Por alguma razão, me entusiasmei com aquilo, porque sempre fui essa pessoa que gosta de ouvir e partilhar e estar em sessões de escuta, de álbuns e trocar com as pessoas”, disse-nos a artista.

Desde então, passou a ser convidada para tocar em diversos eventos, levando consigo o seu laptop e transmitindo a sua seleção musical para o público. Essa experiência inicial foi aprimorada quando decidiu mergulhar no mundo do DJing, aprendendo as técnicas e aperfeiçoando as suas habilidades por conta própria, com o auxílio de tutoriais online e dicas do irmão, que é produtor musical.

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Entretanto, em 2021, foi convidada para fazer de DJ figurante num videoclipe do rapper angolano Cool Clever. DJ Barão, responsável pelo cenário do DJ, perguntou a Indi se ser DJ era mesmo o que queria fazer da vida. Ele estava prestes a iniciar cursos sobre música e produção e convidou Indira para participar e aprofundar os seus conhecimentos. “Fui a primeira aluna na escola deles. Ia lá uma vez por semana, duas vezes por semana, para conhecer o equipamento. E ele dizia, ‘mas tu já tens um ouvido musical super fixe, só te falta mesmo a técnica. E foi o que fiz. Fiquei lá uns três meses, mais ou menos. A ideia era continuar, porque eles têm toda uma estrutura, mas não consegui ficar mais tempo porque vim para cá [Lisboa].

A residir em Portugal desde meados de 2022, Indi Mateta tem se destacado como DJ, conquistando espaço e reconhecimento com a sua seleção musical diversificada e energética. “Desde a altura em que cheguei, acho que duas semanas depois, surgiu o primeiro convite, que era o show da Soluna, no Arroz Estúdios. Desde essa altura, não parei. Tenho dois a três eventos por mês desde março do ano passado e só nessa coisa do boca a boca. Os jovens gostam do que eu partilho”.

A sua abordagem única e a capacidade de criar uma atmosfera envolvente nas pistas de dança tornaram-na uma presença cada vez mais assídua em eventos lisboetas e não só.

Além da carreira como DJ, a artista continua a explorar outras formas de expressão artística. O seu talento na fotografia e no vídeo funde-se com a paixão pela música, procurando novas maneiras de unir essas diferentes disciplinas, contando histórias através de imagens e sons. Tudo com a necessidade de conectar a arte com as suas raízes e com a cultura africana de forma genuína e autêntica. A sua identidade e vontade de partilhar as suas descobertas com o mundo a impulsionam a explorar novas possibilidades artísticas e a se reinventar constantemente.

No evento organizado pela BANTUMEN (cujos bilhetes podes adquirir aqui), Indi Mateta vai apresentar o seu trabalho com uma mistura vibrante de sons africanos e da diáspora negra. A sua performance promete transportar o público para uma viagem musical cheia de ritmo e autenticidade. O restante alinhamento conta com as apresentações de Finicox, produtor, beatmaker, compositor e DJ angolano; Pafronta, produtor e DJ português com destaque no funaná, Cotxi Po e afro house, e HelvioFox, a nova cara da Batida em lisboeta.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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