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Kathy Moeda e a sua trajetória, dedicação e influência na TV Cabo-Verdiana

Kathy Moeda | Foto Cristiano Barbosa
Kathy Moeda | Foto Cristiano Barbosa

É uma das figuras mais emblemáticas do espaço mediático de Cabo Verde da atualidade. Kathy Moeda, nascida em Cabo Verde em 1988, é apresentadora, influenciadora e comunicadora digital, mais conhecida pelo seu trabalho na televisão nacional, na TCV, e no ano passado integrou a Powerlist 100 das Personalidades Negras Mais influentes da Lusofonia.

Ser modelo nunca esteve nos seus planos. Foi em 2007 que a jovem cabo-verdiana deixou a sua terra natal para estudar Hotelaria e Turismo na Universidade de Fortaleza, no Brasil. Enquanto estudava, também trabalhava como modelo comercial. Apesar de estar habituada aos palcos desde a sua infância, Kathy confessa que nunca aspirou trabalhar nessa indústria devido à sua “altura” e ao facto de não ter o “corpo de uma modelo”.

Ao chegar ao Brasil, concentrou-se nos estudos e logo surgiram oportunidades não apenas como modelo, mas também como monitora na sua universidade. Desde o ensino secundário, Kathy sempre se dedicou arduamente ao trabalho, à procura de independência financeira. Em conversa com a BANTUMEN, partilha que conciliar os estudos e trabalho sempre fez “todo o sentido”, pois desejava “conquistar as suas próprias coisas” e não “depender constantemente dos pais”.

“Estava ansiosa para sair de Cabo Verde”, revela, explicando a sua escolha pelo curso de Hotelaria, que se deveu em grande parte ao trabalho que realizava na instância turística do pai, ao ajudar a mãe no restaurante durante as férias.

Antes de voltar para Cabo Verde, decidiu fazer um mestrado em Marketing e Gestão Hoteleira, em Portugal, mas “as cadeiras eram muito parecidas com as do Brasil, então não fazia sentido continuar”. De volta ao país que a viu nascer, começou o seu primeiro emprego na área da restauração. Foi nessa mesma altura que recebeu o convite para apresentar o programa “Kriola Magazine”. “Na mesma altura, uma representante da agência gostava imenso de mim e disse ‘Kathy, tu tens um rosto muito televisivo, tu já fizeste imensos comerciais, tens muito jeito. Vamos aventurar-nos neste formato do programa!’”, partilhou a cabo-verdiana com um sorriso no rosto.

Trabalhou ainda como Relações Públicas durante quatro anos na “maior casa de espetáculos de Cabo Verde”, o XPTO, um lounge bar localizado na capital do país. “Fazíamos todos os tipos de eventos. Grandes artistas como Tabanka Djaz, Djodje, Lura, Mário [Lúcio]… Fazíamos festas de final do ano, de Natal”, mas admite já não se rever nesse trabalho. “A noite já não combinava mais comigo”, confessa.

Em 2018, esteve três meses nos Estados Unidos e foi lá que descobriu as audições para o programa “Show da Manhã”, na TCV. Decidiu concorrer imediatamente, mas “já foi tarde demais”. “Quando voltei, a televisão ligou-me a perguntar se estaria interessada”, conta Kathy.

“O primeiro dia de trabalho… eu não estava à espera”, relembra. “Para o primeiro programa ao vivo, não tive nenhuma preparação, o único curso que consegui fazer antes foi uma formação de Mestre de Cerimónias, mas não tem nada a ver com apresentar um programa ao vivo durante três horas”, explica.

Kathy Moeda sempre procurou a excelência, persistindo não apenas pelo seu desejo pessoal de se destacar, mas também graças ao apoio e estímulo dos colegas de televisão que colaboraram para o seu crescimento constante. “O programa que era três vezes por semana tornou-se diário. Então, de segunda a sexta, durante três horas ao vivo, durante quatro anos, deu-me alguma bagagem. Só que depois de quatro anos senti que precisava de ir mais longe.”

E Kathy assim o fez. Depois de quatro anos no mesmo canal, a jovem decidiu embarcar para uma aventura em Lisboa, e realizar o curso de Apresentador de Televisão e Rádio, na ETIC — Escola de Tecnologias Inovação e Criação. “Vi que durante estes quatro anos queria crescer. Sempre fui muito ambiciosa naquilo que quero e sou também muito competitiva. Eu sempre dizia que tenho que ser a melhor, quero ser a melhor”, confessa Kathy. “Nós somos muito poucas apresentadoras em Cabo Verde e, de facto, eu queria marcar o meu posicionamento, marcar a diferença. Eu queria ser boa naquilo que faço e dar o meu melhor. Descobri-me na televisão e acho que a televisão abre imensas portas.”

Kathy nunca imaginou que seguiria os passos da mãe, que pontualmente era convidada para apresentar programas infantis e de culinária. “Eu nunca pensei que iria ser [apresentadora].

Sempre pronta para desafios, Kathy apresentou, juntamente com o ator angolano Matamba Joaquim, a XII edição dos Cabo Verde Music Awards, que aconteceu no dia 3 de junho deste ano, na ilha do Sal. Apesar de já ter apresentado a passadeira vermelha do evento em 2022, Kathy Moeda diz que “o CVMA este ano foi um desafio tremendo. No ano passado foi apresentado pela Catarina Furtado e então a pressão para ser apresentadora deste ano foi muito maior”, desabafou.

Recentemente, apresenta a rúbrica “À boleia com Kathy”, onde tem conversas íntimas sobre a vida pessoal de cada convidado. O programa é produzido pela Rádio TV Cidade e já vai para a sua terceira temporada.

Além de trabalhar no mundo da televisão, Kathy Moeda também é uma influenciadora digital, contando com mais de 96 mil seguidores na sua conta no Instagram. “Só um ano depois de começar a apresentar é que tive coragem de abrir o meu Instagram como figura pública. De repente, cresceu exponencialmente, de forma muito genuína”, explica.

Kathy crê que isso se deve à imagem real e autêntica que partilha nas redes sociais. “É sempre mostrar o que realmente para mim faz sentido, mas da forma mais natural possível. Às vezes estou com filtro, às vezes não estou com filtro, às vezes estou com o cabelo mais trabalhado quando faço sessões de fotos, que é importante também”, elenca. Valoriza a autenticidade e a transparência com os seus seguidores, partilhando, por exemplo, o episódio de acne que enfrentou recentemente.

“Continuo a ser a mesma menina que saiu de Cabo Verde, aquela que para na rua, abraça e cumprimenta toda a gente. Eu quero manter essa essência”, diz. Para isso, conta com uma rede de pessoas próximas que a ajudam a “manter os pés no chão”.

“Agora que vim viver em Portugal, tenho a minha tia-avó de 84 anos, que tem sido uma inspiração todos os dias.”

Apesar de trabalhar e estudar, a sua prioridade é promover Cabo Verde. “Sinto-me como uma embaixadora, representando bem o meu país enquanto estou aqui.” Além disso, está envolvida em causas sociais, incluindo a “Dretu”, fundação liderada pela primeira dama de Cabo Verde, Débora Carvalho, que visa auxiliar crianças, idosos e animais. Em Portugal, colabora com a “Turn On Success”, uma ONG que envia contentores com diversos itens para vários países de forma a melhorar a qualidade de vida desses habitantes.

A residir em Cascais, a apresentadora vai abraçar outro desafio e integrar a primeira turma de artes performativas da Escola de Artes e Design, dessa cidade. “Estou aberta a todas as possibilidades. Posso explorar a atuação no teatro, novelas ou séries… o que importa é o empenho que vou dedicar a isso.”

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

Para sugerir correções ou assuntos que gostarias de ler, ver ou ouvir na BANTUMEN, envia-nos um email para [email protected].

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