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Na fé, na paz e no Batukerê do BaianaSystem

Batukerê Divulgação - Crédito Filipe Cartaxo
Batukerê Divulgação - Crédito Filipe Cartaxo

Quem teve a oportunidade de participar de alguma apresentação do BaianaSystem, seja nas rodas de bate-cabeça em algum show ou no trio elétrico Navio Pirata, durante o carnaval, não se arrepende. É insano. Uma daquelas experiências que as pessoas precisam ter ao menos uma vez na vida. Esse fato pôde ser constatado, antes mesmo do início oficial da maior festa popular do Brasil, pelos impressionantes vídeos do coletivo passando pelo Furdunço, em Salvador (Bahia), com todos e todas pulando em sincronia.

Em 2024, o Baiana completa 15 anos de trajetória e pretende fazer o maior Carnaval da sua história, tendo como tema “Batukerê: Toda Fé, Toda Paz”, uma expressão que o vocalista Russo Passapusso deseja usar o porque “quando eu falo paz eu digo a minha, mas eu quero respeitar a sua, quando eu digo fé, eu quero toda, então esse é um código muito importante para a gente sair para as ruas”.

Esse é também o primeiro fio que começa a ser puxado para a chegada de mais um álbum de inéditas ainda para este ano. O abre alas é feito com o single “Batukerê – Toda Fé de Salvador”, que recebe as participações de Antônio Carlos & Jocafi, e do cantor português de ascendência cabo-verdiana Dino D’Santiago. Entre os compositores também está o músico, escritor, poeta e cronista angolano Kalaf Epalanga.

Novamente, eles colocam o corpo para dançar sem deixar que a cabeça pense na mensagem de fé (não religião), amor e paz interior que compartilham. É sobre estar com a mente sã para tocar a vida com tranquilidade, aproveitando os momentos da melhor maneira possível. A cadência serena dá o suingue que só se encontra em território baiano. Na segunda parte da canção um coro, seguido por tambores, mantém o rito, como um culto.

Produzida por Daniel Ganjaman com o maestro Ubiratan Marques e Seko Bass, a música pode se tornar (literalmente) o hino da maior festa popular do Brasil, principalmente quando ecoar pelas imensas caixas de som do Navio Pirata, que também completa 10 anos navegando pelos circuitos carnavalescos da Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro.

“O Navio Pirata é algo que transformou um pensamento, mostrou outros caminhos, correu numa contramão”, observa o guitarrista Roberto Barreto. “Por isso a ideia de pirataria do que foi estruturado como indústria do axé, do mercado, da ocupação das ruas, com um trio menor, mais próximo do público, na contramão do que é o circuito, que não é pensado e não é produzido pelos grandes grupos que formavam esse Carnaval”.

A indústria do axé que Roberto fala é explicada de uma forma mais profunda e didática no mini-documentário “Carnaval do Invisível”, da Amazon Music, e também no documentário “Axé: Canto do Povo de Um Lugar”, da Netflix. Ambos mostram como os negros, de artistas a populares, foram excluídos do Carnaval para beneficiar o mercado, dominado por brancos.

Indo na contramão desse sistema, o BaianaSystem une pessoas de diferentes segmentos para um bem comum: se divertir e também se conectar com o outro. “São tempos de construções, desconstruções e mentalizações incessantes”, observa Russo. “Uma constante transformação, um amadurecimento que busca proteger as novas sementes culturais observando e absorvendo tudo que pode somar no grande culto artístico que celebra a nossa identidade”.

Relembramos-te que podes ouvir os nossos podcasts através da Apple Podcasts e Spotify e as entrevistas vídeo estão disponíveis no nosso canal de YouTube.

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