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Sol da Caparica no 2.º dia com Stewart Sukuma, África Negra, Ferro Gaita, Yola Semedo e Tabanka Djaz

África Negra no Sol da Caparica 2023/ Foto: Irís Maximiano
África Negra no Sol da Caparica 2023/ Foto: Irís Maximiano

Se no primeiro dia do Sol da Caparica o recinto já estava bem composto, neste segundo dia parecia estar completo. Depois das portas se abrirem, via-se um enchente de pessoas a tomar os seus lugares nos bares, nos lugares específicos para atividades e jogos e nas linhas de frente de todos os palcos.

O palco secundário, o Kavi, foi o dedicado às sonoridades africanas, com o objectivo de mostrar a diversidade que compõe o festival. A abertura ficou a cargo do ícone moçambicano Stewart Sukuma, que fez o público conhecer um pouco de Moçambique através da sua música, com uma energia típica de quem dança Marrabenta – um estilo de música-dança tradicional de Moçambique e cujo nome deriva da palavra portuguesa “arrebentar” – todos os dias. Cantou-nos “Xitchuketa Marrabenta”, “Felizminha”, “Caranguejo”, entre outros temas de álbuns como Nkhuvu ou O Meu Lado B.

Stewart Sukuma no Festival Sol da Caparica 2023 / Foto: Iris Maximiano

Após o término deste concerto ninguém arredou pé, ficaram todos presentes para ver a lendária banda santomense que nasceu em 1974, os África Negra. Agora com mais elementos que a compõem, devido à morte do vocalista “General” João Seria, em maio deste ano, em São Tomé e Príncipe, aos 74 anos.

Este concerto serviu não só para homenagear São Tomé e Príncipe como também o antigo vocalista. A recordar que os membros da banda voltaram a juntar-se em 2019 para a edição de um novo disco, Alia cu Omali. Com músicas originais e o selo da editora portuguesa Mar & Sol, o disco foi gravado entre São-Tomé e Lisboa e as músicas que o preenchem são trabalhos de longos anos e outras composições novas.

Com a bandeira de São Tomé e Príncipe estendida em cima do palco, bem visível para que todos pudessem perceber de onde vêm, cantaram músicas que acompanharam a adolescência de muitos que estavam no público, como “Maya Muê”, “Aninha”, “Carambola” e “Mino Bô Bê Qua Cueda”.

África Negra no Sol da Caparica 2023/ Foto: Irís Maximiano

Para quem ali esteve, a cena tornou-se no palco principal. E, a julgar pela quantidade de pessoas na plateia, a sensação não estava errada.

Chegava a vez dos cabo-verdianos Ferro Gaita, entrarem em cena e elevarem a música e a cultura de Cabo Verde. “É um prazer enorme representar a cultura da nossa terra, porque já estamos há 27 anos juntos a divulgar a nossa música. O nosso estilo é a tradição do nosso país, especialmente da ilha de Santiago. É disto que todo o mundo gosta, da nossa música tradicional”, explicou-nos a banda, em exclusivo, minutos antes de atuar.

Logo que põem os pés em cima do palco, já se ouvia a gaita a tocar bem alto. Vestidos a rigor com as cores da antiga bandeira de Cabo Verde: amarelo, verde e vermelho, deram início à festa. O público dançava, cantava, saltava de alegria ao ouvir uma das bandas mais importantes dos PALOP, com hits como “Fundo Baxo”, “Bejo Batafada” ou “É Si Prôpi” e ainda temas do último álbum, Festa Fora.

Ferro Gaita no Sol da Caparica 2023/ Foto: Irís Maximiano

Entretanto, fomos brindados com o sorriso de Yola Semedo. Vestida de vermelho, trouxe com ela a sonoridade da música angolana que não deixam ninguém indiferente. Nas mãos tinha um reco reco – também conhecido como raspador, um termo genérico usado para definir instrumentos idiofones cujo som é produzido por raspagem – usado por outros artistas angolanos, como o kota Bonga. Enquanto tocava também cantava e puxava pelo público. Lá íamos ouvindo: “é por isso”, com o público a responder: “que não nos gostam”. É o grito de guerra de qualquer boa festa ou de um puro momento de diversão. “Você me abana”, “Meu Amor” e “Volta Amor” foram alguns dos temas cantados.

Para fechar o palco Kavi, os Tabanka Djaz, um dos mais conhecidos grupos musicais da Guiné-Bissau, criado pelos três irmãos de Tony (Micas, Zé Carlos e Juvenal Cabral), Aguinaldo de Pina e Rui Silva.

Tabanka Djaz no Sol da Caparica 2023/ Foto: Irís Maximiano

Cantam desde 1988 e a energia que deixaram em palco era como se tivessem formado o grupo recentemente. Cantaram temas de álbuns mais antigos aos mais recentes, como Tabanka Djaz, Sperança ou Depois Do Silêncio, com músicas como “Foi Assim”, “Rusga Di 7 Hora” e “Nó Fiança”. O concerto não acabou enquanto não se visse no ar cachecóis alusivos à banda, oferecidos pela equipa dos Tabanka.

Enquanto isso, no palco Dom Táparro (principal) Valete cantava os seus maiores hits, com uma camisola branca com a cara de Azagaia estampada, um dos nomes mais conhecidos do movimento hip hop em Moçambique, que morreu em março deste ano.

Todo o conceito da atuação de Valete foi bem pensada, com um alinhamento de imagens de consciencialização num ecrã atrás de si e as letras das músicas que ia cantando, DJs e dançarinos e muitos amigos do rapper. Cantou “Canal 115” com a participação de Adamastor, “Rap Consciente” onde Sergin cantou o refrão, “Colete Amarelo”, e ainda cantou “Roleta Russa” mas com um refrão mais consciente, a apelar pelo sexo seguro e o auto-controlo.

Valete no Sol da Caparica 2023/ Foto: Irís Maximiano

Julinho KSD e o quarteto fantástico de Vialonga, Wet Bed Gang, fecharam a noite do Sol da Caparica com os seus maiores hits, e o êxtase do público foi notável. Embora já passasse das 23 horas no relógio, a casa estava cheia para ver e ouvir estas duas últimas atuações do segundo dia do Sol da Caparica.

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