Naky Gaglo, criador da Lisbon African Tour, lançou uma campanha de angariação de fundos através da plataforma GoFundMe para apoiar os refugiados afrodescendentes do conflito ucraniano.
“A crise na Ucrânia não poupa ninguém mas os Africanos estão particularmente afectados e muitos deles estão ainda retidos e a precisar de ajuda para alojamento, cobertores, alimentação e transporte das zonas de conflito para áreas mais seguras”, escreve na página da sua campanha.
O objectivo do crowdfunding, adianta, é entregar os fundos à Black Foreigners Ukraine, uma coligação de voluntários que “está no terreno para ajudar tantos quantos seja possível e cujos meios são muito limitados.”
Ao todo, Naky espera angariar cerca de cinco mil euros para apoiar a associação, além de direcionar também dez euros de cada inscrição nos seus tours por Lisboa para a associação Black Foreigners Ukraine e de estar a apoiar a chegada de afrodescendentes a Portugal vindos daquele país de leste, ajudando-os com questões de alojamento, transporte e não só.
Desde que a guerra começou na Ucrânia, em fevereiro deste ano, os afrodescendentes no país têm relatado estarem a ser alvo de discriminação racista em relação aos restantes refugiados. Tal como aconteceu neste caso relatado aqui na BANTUMEN, com dois jovens estudantes negros portugueses. Por isso, diferentes coletivos têm-se desde então organizado para criar redes de apoio para proporcionar acolhimento e transporte seguro a estes refugiados.
Naky Gaglo é togolês e está a viver em Lisboa há oito anos. Viveu na Alemanha, em Espanha e viver numa cidade em que o sol bate com a mesma intensidade que na sua cidade natal ou aprender a língua de Camões não foi planeado. O aficionado por História, depois de ter chegado a Lisboa, notou na cidade uma forte presença africana que não tinha uma história contada. Decidiu então propor uma alternativa às visitas turísticas tradicionais e fundou, em 2014, a African Lisbon Tour, uma excursão turística de quatro horas, pelas ruas da capital portuguesa, que, num vaivém entre o presente e o passado, com a gastronomia e a cultura pelo caminho, pretende partilhar a história silenciada de Lisboa, Lisboa dos africanos escravizados, através dos vestígios que remontam do século XV.