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“Cabo Verde quer diversificar a sua economia através da tecnologia e do digital”, Pedro Lopes

Pedro Lopes
📷: BANTUMEN

Pedro Lopes, Secretário de Estado para a Economia Digital de Cabo Verde, participou pela primeira vez num painel no Web Summit – evento realizado em Lisboa de 13 a 16 de novembro. A conferência, que reuniu os principais nomes relacionados ao mercado tecnológico atual, serviu como vitrine para mostrar o potencial cabo-verdiano no cenário mundial. Lopes, juntamente com a Ministra da Ciência, Desenvolvimento e Inovação do Governo da República da Sérvia, Jelena Begović, numa conversa mediada pelo repórter de negócios Yang Chengxi, discutiu a necessidade de regular plataformas de IA e como países de pequena extensão territorial podem destacar-se internacionalmente.

Cabo Verde participou na Web Summit 2023, marcando presença com dez startups do setor digital, além de uma delegação com mais de 50 pessoas. Em entrevista à BANTUMEN, Pedro Lopes explicou como a participação em eventos internacionais pode contribuir para o desenvolvimento do país. “Primeiramente, damos destaque às nossas startups de base tecnológica, criamos oportunidades para os nossos jovens empreendedores que desejam conectar-se com o mundo e mostrar o melhor do que fazem. E promovemos o nosso país, um país moderno, que pretende diversificar a sua economia através da tecnologia e do digital. Queremos também conectar-nos com a diáspora cabo-verdiana e com pessoas interessadas em investir em tecnologia em Cabo Verde. Posicionar-nos exatamente como as ilhas tech da África Ocidental”, afirma.

No que diz respeito ao uso da tecnologia para impulsionar o desenvolvimento econômico e social de Cabo Verde, o Secretário de Estado é firme ao mencionar os investimentos realizados pelo governo. “Cabo Verde já é reconhecido pela governação eletrónica, tem sido uma das bandeiras do país. Isso permite a Cabo Verde ter vários processos de estado digitais, que melhoram a transparência e as boas práticas na relação com os cidadãos. Agora, também envolvemos o setor privado, através das soluções das startups, que podem identificar problemas do nosso país e resolvê-los por meio da tecnologia. Queremos que o setor da saúde e do turismo possam ser impulsionados por esta ferramenta tão importante que é o digital”, afirma.

Segundo Pedro Lopes, um dos principais desafios enfrentados por Cabo Verde no cenário tecnológico é a falta de acesso à internet em algumas regiões do país, além da dificuldade em mostrar o seu potencial de investimento em comparação com outras nações de maior extensão. “Temos o desafio de ter mais visibilidade, é isso que estamos a fazer. Temos também o desafio de expandir a rede, para que as nossas startups alcancem mercados mais amplos. É necessário capacitar toda uma nova geração, desde tenra idade. Em Cabo Verde, as crianças aprendem robótica e programação em todas as escolas do país. Queremos continuar nesta jornada de investir na juventude e no capital humano, pois só assim poderemos avançar”, destaca.

“Acho que este é um grande desafio: como vamos ter cada vez mais recursos para apostar nesta juventude, para que não sejam apenas espectadores, mas sim protagonistas deste mundo em mudança. Em relação à conectividade em Cabo Verde, temos um acesso de 85% entre os cidadãos, um número alto, mas temos que atingir as áreas menos servidas. Precisamos garantir acesso à internet de qualidade, por isso investimos no cabo submarino EllaLink. Reforçar os espaços de partilha de conhecimento, estamos a investir no parque tecnológico. Estamos a estabelecer as bases, com aposta na infraestrutura, nas pessoas e na comunidade, para que Cabo Verde, daqui a alguns anos, possa atingir o seu objetivo de ser um hub de tecnologia na África Ocidental”, continua.

Atualmente, os setores prioritários para investimento em inovação e tecnologia em Cabo Verde baseiam-se no Plano Estratégico do Desenvolvimento Sustentável – apresentado pelo governo em 2022, com conclusão prevista para 2026. Com este plano, as autoridades pretendem atingir uma democracia avançada, uma economia dinâmica em digitalização e aumentar o prestígio internacional. “O Plano Estratégico do Desenvolvimento Sustentável é um documento que alinha os principais pilares do desenvolvimento de Cabo Verde. E incentivamos as nossas startups a procurar oportunidades dentro desses pilares, como energias renováveis, economia marítima, turismo e digital. Acreditamos que, se as startups contribuírem para Cabo Verde neste plano, poderemos impulsionar o mercado”, afirma.

Integrar o universo digital nas escolas é também uma prioridade do governo de Cabo Verde. Neste sentido, o país está a introduzir a tecnologia nas escolas para preparar a próxima geração de profissionais, com aulas de inglês, programação e robótica. “Estamos a ensinar inglês a partir do quinto ano, sabendo que o inglês é a língua da internet. Estamos na fase dois do projeto Weblab, que ensina os princípios da robótica e da programação. Estamos a equipar salas de aula em quase todo o país com computadores, a reforçar a conectividade nas escolas. No próximo ano, queremos que o acesso à internet seja uma prioridade, pois sabemos onde queremos chegar e sabemos quão importante é garantir acesso e formação às pessoas, para podermos ir mais longe”, destaca.

Outra preocupação de Cabo Verde é como realizar tantos projetos e ainda preservar o meio ambiente. “Estamos a dar força à geração do futuro, que são nativos digitais com esta preocupação. Sabemos que Cabo Verde precisa desenvolver-se de forma sustentável, temos metas ambiciosas nessa área, através das energias renováveis. E vamos continuar a tentar cumprir as nossas metas. Penso que estas empresas inovadoras e tecnológicas podem apoiar a vontade do governo e acelerar essa transformação. Reduzir a utilização de combustíveis fósseis, apostar em energias renováveis, temos sol, temos verde e temos mar; precisamos aproveitar esses recursos”, destaca.

O governo de Cabo Verde está a promover o ecossistema de startups e empreendedorismo tecnológico no país. A participação na Web Summit é apenas um dos vários incentivos que o Estado oferece aos empreendedores para desenvolverem e promoverem suas ideias. “Criamos a Cabo Verde Digital, um programa de apoio à transformação de ideias em negócios. Sabemos que, de 10 startups, 8 não têm sucesso. Mas acreditamos ser importante falhar rapidamente, dar ferramentas para que aprendam como funciona este mundo. É nosso dever criar estes programas, como a Bolsa Cabo Verde Digital, que oferece seis salários mínimos a dois jovens para criarem as suas empresas, além de mentorias nacionais e internacionais. Investimos para que os jovens estejam presentes na Web Summit. O número de jovens que já trouxemos e as parcerias que conseguiram concretizar, ao regressarem ao nosso país, têm um valor difícil de medir. Acreditamos que eles serão o novo rosto do empresariado cabo-verdiano”, conclui.

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